Zimbabué: Observadores chegam a um mês das eleições
25 de junho de 2018Chegou nesta segunda-feira (25.06) a Harare uma missão de observadores eleitorais da União Europeia (UE) para monitorar as eleições presidenciais no Zimbabué, marcadas para 30 de julho.
Trata-se da primeira missão da UE àquele país da África Austral dos últimos 16 anos. Esse interregno deveu-se às relações frias entre os 28 e o Zimbabué liderado por Robert Mugabe até novembro de 2017.
O chefe da missão de observadores da UE, Mark Stevens, disse à sua equipa para ter em mente "o papel dos observadores. O nosso trabalho é sermos imparciais, independentes e nunca interferir no processo. Então, boa sorte a todos, estaremos em contacto regularmente".
Mark Stevens falava para 44 observadores de longo prazo da União Europeia pouco antes de serem destacados para as dez províncias do Zimbabué.
Oposição confiante
A abertura do Zimbabué à comunidade internacional para as eleições é bem vista. No país, a oposição está confiante que a presença de observadores internacionais vai limitar as irregularidades testemunhadas nas eleições anteriores.Jameson Timba e Nickson Nyikadzino, representantes da oposição, esperam que os observadores possam escrutinar o que chamam de intimidação subtil da população rural por parte do partido no poder, a ZANU-FP.
Segundo Jameson Timba "estamos bastante contentes por termos observadores internacionais numa base de longo prazo. Esse era um problema com a ZANU-FP, questionávamos porque não aceitava observadores de qualquer lugar do mundo se não tinha nada a temer? Como eles tinham algo a esconder, recusavam a entrada de observadores".
Mas para Nickson Nyikadzino, o número de observadores no país não vai determinar a credibilidade das eleições. "O que não queremos ver são observadores que foram trazidos para legitimar um processo que já foi legitimado através de meios grosseiros/ilícitos pelo Governo ou partido no poder".
Apesar da presença dos observadores internacionais ajudar a restaurar a credibilidade das eleições no país, as ameaças de instabilidade agora são a grande preocupação no Zimbabué, principalmente após o atentado de sábado (23.06).
Duas mortes e 49 feridos
Duas pessoas morreram devido aos ferimentos sofridos na explosão de um engenho, no sábado (25.06), durante um comício eleitoral do Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, em Bulawayo. Estas duas pessoas estavam internadas no hospital de Mpilo, em Bulawayo, no sudoeste do Zimbabué, disseram fontes do centro hospitalar ao jornal Chronicle. O Presidente Emmerson Mnangagwa saiu ileso do ataque bombista.Pelo menos 49 pessoas ficaram feridas no atentado com um engenho explosivo, que ocorreu no estádio desportivo White City, onde estava a decorrer o comício eleitoral, de acordo com um comunicado emitido esta segunda-feira pela polícia do Zimbabué.
A polícia referiu ainda na nota que estão a ser realizadas "exaustivas investigações" para esclarecer o caso.
"Contamos que o número (de feridos) aumente, porque algumas das vítimas podem aparecer ainda durante o dia", disse a porta-voz da polícia, Charity Charamba, citada no comunicado. Além disso, a polícia ofereceu uma recompensa àqueles que fornecerem informações que permitam encontrar os responsáveis pelo ataque.
23 candidatos na corridaO vice-Presidente Constantino Chiwenga, que também estava presente no comício, não ficou ferido, mas o outro vice-Presidente, Kembo Mohadi, sofreu ferimentos nas pernas e foi transportado para um hospital.
A explosão ocorreu segundos depois de o Presidente, que concorre também às eleições presidenciais marcadas para julho, descer do palco, escoltado pelos seus guarda-costas, soldados e líderes do seu partido.
O Governo zimbabuano afirmou que o atentado do último fim de semana não vai impedir a realização das eleições. Estão a ser consideradas medidas de segurança para os candidatos que se sintam ameaçados.
Vinte e três candidatos à Presidência disputam a corrida de 30 de julho.