África do Sul: A luta dos estudantes continua
21 de outubro de 2016A violência continua a marcar os protestos estudantis contra as propinas na África do Sul.
Na quinta-feira (20.10), os estudantes terão interrompido aulas e exames na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, antes da chegada das forças de segurança. Segundo o Conselho de Representantes dos Estudantes, a líder do movimento "Fees Must Fall" ("Abaixo as Propinas", em português), Shaeera Kalla, foi atingida por 13 balas de borracha disparadas pela polícia, que tentava dispersar a manifestação. Nas ruas de Joanesburgo, os manifestantes denunciaram a brutalidade da polícia.
Ao início do dia, dezenas de livros foram destruídos num incêndio numa das maiores bibliotecas da Universidade. "A segurança afirma que o fogo começou com uma substância inflamável que terá sido escondida num saco encontrado no local", disse Shirona Patel, porta-voz da instituição. "O incêndio foi rapidamente controlado e está em curso uma investigação policial."
"Inaceitável"
Na capital sul-africana, estudantes da Universidade de Tecnologia de Tshwane e da Universidade de Pretória participaram numa marcha de protesto contra as propinas. Reunidos junto aos Union Buildings, a sede do Governo, os manifestantes exigiram a libertação dos estudantes detidos em todo o país, a retirada dos agentes e veículos da polícia dos campus universitários e o fim imediato das propinas no ensino superior. A polícia disparou balas de borracha e os estudantes responderam atirando pedras.
Bongani Lunda, porta-voz do Governo, sublinha que não se justificam os protestos violentos: "Os estudantes têm o direito democrático de se manifestarem, mas é inaceitável a destruição de propriedade e a violência que temos visto em muitas universidades."
Os protestos começaram há mais de um mês, quando o Governo anunciou aumentos no preço das matrículas universitárias na ordem dos 8 por cento.
Em resposta às exigências dos estudantes, as autoridades anunciaram que estão a ser tomadas todas as medidas para normalizar a situação nas universidades. O ministro da Presidência, Jeff Hadebe, afirmou em conferência de imprensa que o Executivo decidiu apoiar todos os estudantes com menores rendimentos. Mas a proposta governamental pode não agradar a todos os estudantes, pois a maioria exige um ensino superior totalmente gratuito.
Entretanto, na sequência de semanas de protestos violentos, a Universidade de Western Cape, na Cidade do Cabo, decidiu suspender todas as aulas presenciais, limitando o trabalho académico à internet.
No ano passado, o movimento "Fees Must Fall" conseguiu que o Governo do Presidente Jacob Zuma revogasse o aumento de mais de 10 por cento previsto para as matrículas dos cursos que estão atualmente a decorrer.