Ícone do cinema francês Jean-Paul Belmondo morre aos 88 anos
6 de setembro de 2021O icônico ator francês Jean-Paul Belmondo, um dos principais nomes do cinema europeu, morreu aos 88 anos. A morte foi confirmada nesta segunda-feira (06/09) por seu advogado, sem que fosse divulgada a causa do óbito.
A carreira de Belmondo se estendeu por meio século, incluindo mais de 80 longas-metragens. Ele foi a personificação do estereótipo masculino nos anos 1960, caracterizado não pela boa aparência, mas sim pela virilidade e carisma.
Belmondo trabalhou com muitos dos mais importantes diretores franceses, como Jean-Luc Godard, Francois Truffaut e Claude Lelouch, em obras de autor, mas também em filmes de ação e comédias.
Ele nasceu em 9 de abril de 1933 no subúrbio parisiense de Neuilly-sur-Seine, numa família de artistas: o pai, Paul Belmondo, era escultor, a mãe, Sarah Rainaud-Richard, pintora.
Ele praticou futebol e boxe antes de abandonar a escola aos 16 anos. Nos anos 1950, entrou para o Conservatório de Paris para estudar o ofício de ator. Um de seus professores chegou a lhe dizer que não tinha futuro como protagonista, devido a sua aparência. Temperamental, quando apresentou seu trabalho final no Conservatório e o júri não lhe deu o reconhecimento que ele achava que merecia, reagiu com um gesto obsceno.
Filmes de arte e de ação
Tendo iniciado a carreira em pequenos teatros, em 1958 Belmondo chamou a atenção de Godard, na época um aspirante a cineasta. O jovem ator, porém, não o levou a sério.
Seu primeiros sucessos no cinema foram Basta ser bonita (1958), de Marc Allégret, e Quem matou Leda? (1959) de Claude Chabrol. A grande projeção, porém, veio através do diretor Claude Sautet, em Como fera encurralada, de 1960.
Godard voltou a procurá-lo para realizar a obra-prima Acossado, obra central do movimento do cinema francês conhecido como Nouvelle Vague ("nova onda”). Entre os fins das décadas de 1950 e 1960, seus representantes transgrediam as regras cinematográficas vigentes e abandonavam as técnicas tradicionais de narrativa. Godard e Belmondo voltariam a colaborar cinco anos mais tarde em O demônio das onze horas.
Além de trabalhar com os principais diretores de sua época, Belmondo também contracenou com grandes nomes femininos como Jean Seberg, Jeanne Moreau, Catherine Deneuve, Romy Schneider e Sophia Loren.
Belmondo emprestou seu talento tanto a obras de autor (Duas almas e um suplício, Território do mito), filmes dramáticos, como Leo Morin – o padre, quanto aos sucessos de bilheteria Cartouche, Polícia ou bandido e O homem do Rio (filmado no Brasil). Por sua atuação em Itinerário de um aventureiro (1988) ganhou um César, a mais alta distinção do cinema francês. Em 2016, o Festival de Veneza lhe dedicou um Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.
Sem mencionar a causa do óbito, o advogado de Belmondo declarou que ele morreu em casa, pacificamente, e que "andava muito cansado já há algum tempo”. O presidente francês, Emanuel Macron, lamentou a morte do ator, afirmando que a França havia perdido um "tesouro nacional”.
rc/av (AP, Reuters,ots)