7 de agosto de 1869
Em meados do século 19, a Alemanha vivia o início da industrialização. Problemas desconhecidos até então se multiplicavam. De repente, havia êxodo rural. As cidades cresciam em velocidade assustadora. Trabalhadores de terras distantes, como a Silésia, eram recrutados e amontoados em colônias operárias.
Surgia uma nova camada social, o proletariado. Assalariados das novas indústrias, cujas vidas eram marcadas pelas longas jornadas de trabalho, baixa remuneração e falta de moradia. Trabalho infantil não era exceção, mas a regra.
A princípio, a classe operária não possuía quem a representasse politicamente. Seus interesses eram defendidos pelas igrejas e pelos partidos liberais. Mas estes eram muito conservadores para servirem de identidade para o proletariado. A resposta começou a surgir em 1863, quando Ferdinand Lasalle criou a Associação Geral dos Trabalhadores Alemães (Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein – ADAV).
Divergências nas metas e prioridades
Os dois socialistas August Bebel e Wilhelm Liebknecht, porém, não se davam por satisfeitos com a posição da ADAV. Eles não aceitavam sobretudo a fidelidade estatal de Lasalle, que não queria sacudir as bases do Estado prussiano. A isto somava-se a divergência sobre a chamada "questão alemã".
Enquanto Bebel e Liebknecht priorizavam a "grande solução alemã" (unificação de todos os estados alemães, inclusive o Império Austro-Húngaro), Lasalle fazia coro com o primeiro-ministro prussiano Otto von Bismarck pela "pequena solução" (união apenas dos estados alemães ao norte dos Alpes, sob a liderança da Prússia).
Como era praticamente impossível um acordo nestes pontos, a fundação de uma nova agremiação tornou-se quase inevitável. Em 7 de agosto de 1869, surgia assim o Partido Social Democrata dos Trabalhadores (SDAP), em Eisenach.
Era um partido de orientação marxista, revolucionário, anticlerical e pacifista. Mais radical do que a ADAV em qualquer questão fundamental. Ou seja: enquanto a ADAV sonhava com utopias socialistas, o novo SDAP interessava-se mais pela concretização do socialismo científico com caráter marxista.
Essa antítese inconciliável dissolveu-se em seguida quase que naturalmente. Com a unificação da Alemanha conforme a estratégia de Bismarck, o principal ponto de divergência transformara-se em página virada da história. E assim, cinco anos após a morte de Lasalle, o principal teórico da ADAV, as duas agremiações decidiram fundir-se, em 1875, no Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, mantendo a legenda SDAP.
Socialistas científicos e utópicos, no entanto, jamais conseguiram afinar o tom dentro do partido, que em 1890 mudaria seu nome para Partido Social Democrata da Alemanha (SPD).
A falta de unidade se faria notar ainda mais durante a República de Weimar, depois da Primeira Guerra Mundial. Embora o partido participasse do governo, inclusive ocupando a Presidência do país, seus militantes ainda sentiam-se comprometidos com a revolução mundial.
Esse conflito ideológico só foi solucionado em 1959, quando o SPD anunciou o Programa de Godesberg, com o qual dava o decisivo passo para assumir o caráter oficial de partido popular, afastando-se do ideal de um partido revolucionário dentro do cenário de luta de classes.