1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

24 de junho de 1922

Otto Busch (gh)

No dia 24 de junho de 1922, foi morto por um grupo de extrema-direita o ministro das Relações Exteriores da República de Weimar, Walter Rathenau.

https://p.dw.com/p/3bqn
Walther RathenauFoto: DHM

"O inimigo é da direita", denunciou Joseph Wirth, chanceler imperial na República de Weimar (1919–1933). Ele pertencia à ala esquerdista do Partido de Centro e acabara de perder o integrante mais qualificado de seu gabinete, o ministro das Relações Exteriores Walther Rathenau.

Hans Mayer, um dos últimos grandes intelectuais judeus de língua alemã, lembra o clima reinante na época. Multiplicavam-se os grupos paramilitares que agiam como esquadrões da morte, cometendo assassinatos políticos. "Meus colegas de escola, que de repente se identificavam com os chamados freikorps, a suástica e o desejo de uma revanche pela derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, pareciam aprovar tudo isso." Eles gritavam slogans carregados de xenofobia e poderiam muito bem ter dito: "Matem Walther Rathenau, o porco judeu", conta Mayer.

Habilidade e visão

Rathenau (1867–1922) era um dos políticos alemães mais hábeis e visionários de seu tempo, um judeu prussiano, descendente de uma família de industriais burgueses. Seu pai, Emil Rathenau (1838–1915), foi fundador do conglomerado AEG, até o final do século passado uma das maiores empresas dos setores elétrico e eletrodoméstico da Alemanha.

Ignaz Bubis, falecido presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, disse que "Rathenau sempre esteve dividido entre o amor à pátria e a consciência de que, para muitos, inclusive para o Estado, ser judeu era algo de segunda classe. Isso, porém, não o impediu de ser patriota".

Antes do início da Primeira Guerra Mundial, Rathenau publicou um ideário político que propunha que fossem eliminados ou, pelo menos, amenizados os atritos entre os povos europeus. Mas, quando eclodiu o conflito, ele sucumbiu ao patriotismo da época e passou a chefiar o departamento de matérias-primas para armamentos do Ministério da Guerra da Prússia.

Em 1921, foi nomeado ministro da Reconstrução e, pouco depois, passou a chefiar a pasta das Relações Exteriores. Sua nomeação não foi consequência de uma brilhante carreira política e, sim, deveu-se mais à intenção do chanceler Joseph Wirth de implementar o ideário político de Rathenau, aproveitando seus conhecimentos e sua habilidade.

Pacto com a Rússia

Seu maior êxito como ministro do Exterior foi a assinatura do tratado de Rapallo (Itália), em abril de 1922, o pacto entre os dois grandes perdedores da Primeira Guerra, a Alemanha e a Rússia. Por este tratado, ambos desistiram de reparações financeiras mútuas, resolveram reatar imediatamente as relações diplomáticas e consulares e se aproximaram economicamente.

O acordo teuto-russo irritou os vencedores da guerra e foi rejeitado pelos setores nacionalistas e de extrema-direita da Alemanha. Rathenau tornou-se suspeito de estar cooperando com os comunistas.

Dois meses depois da assinatura do tratado, ele foi baleado por um oficial da Marinha e um técnico (ambos radicais de direita), quando se dirigia em carro oficial aberto para seu ministério. Segundo o historiador Golo Mann, Rathenau foi um político sábio, que soube estabelecer metas políticas para além das necessidades e oportunidades do cotidiano.