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1945: Zona de Ocupação Soviética é dividida em estados

Doris BulauPublicado 27 de julho de 2016Última atualização 27 de julho de 2021

No dia 27 de julho de 1945, dois meses após o fim da Segunda Guerra, a Administração Militar Soviética emitiu a ordem que dividiu o território alemão sob sua ocupação em estados da Alemanha Oriental, de regime comunista.

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A foto mostra a torre de televisão localizada na praça Alexander Platz, em Berlim. É um dia de sol, a fotografia é feita no meio de uma avenida e, à esquerda, contém também a cadedral da capital alemã. À direita, o então parlamento da Alemanha Oriental.
Símbolos de Berlim: A catedral, a torre de televisão na praça Alexander Platz e o antigo parlamento da Alemanha OrientalFoto: Andrzej Stach

Tudo o que aconteceu na Alemanha após 1945 teve origem na Segunda Guerra Mundial e na forma como o conflito foi conduzido. O procedimento bárbaro de Adolf Hitler e seus seguidores provocou reações dos adversários que, inicialmente, eram caracterizadas pela vingança, exigência de reparação e a destituição dos alemães do poder.

Sobretudo as potências ocidentais viam na história alemã, desde Frederico, o Grande, até Hitler, uma linha contínua, marcada pelo imperialismo violento. Com o objetivo de eliminar definitivamente essa forma de domínio, elas planejaram tutelar os alemães e transformar o país num vácuo econômico e político.

É o que provam leis e decretos dessa época, publicados no diário oficial do governo militar dos Aliados. Eram proibidas, por exemplo, reuniões públicas e particulares de cinco ou mais pessoas. Podiam-se realizar cultos religiosos, mas era vedado tocar ou cantar o hino nacional ou outras canções patrióticas. Todos os cidadãos maiores de 12 anos de idade eram obrigados a portar sempre a carteira de identidade.

Aliados partilham território

Apesar de todas as restrições, o cotidiano e a vida política entraram numa certa rotina a partir de 1945. Pela chamada Declaração das Quatro Potências, de 5 de junho de 1945, o Conselho de Controle dos Aliados (formado pelos Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética) decidiu criar zonas de ocupação na Alemanha e Áustria, ignorando as divisões político-administrativas internas anteriores.

DDR Grenzdörfer
Casa evacuada à força na década de 1970 em Mecklemburgo, junto à fronteira entre as duas AlemanhasFoto: AP

Em princípio, as novas fronteiras foram fixadas de acordo com as posições ocupadas pelos respectivos exércitos no fim da guerra. Na Alemanha, os Estados Unidos fizeram uma exceção: em julho de 1945, cederam a Turíngia aos soviéticos, o que significou um deslocamento da fronteira alemã.

A Conferência de Potsdam (17 de julho a 2 de agosto de 1945) confirmou a redução de quase 25% do território do antigo Império Alemão. Nesse encontro, em que os líderes Churchill, Truman e Stalin discutiram o futuro da Alemanha ocupada, foi decidido que o território alemão a leste dos rios Oder e Neisse passaria à administração da Polônia, e uma parte da Prússia Oriental, ao controle da União Soviética. Consequentemente, o destino da Alemanha do pós-guerra passou a depender das relações entre as potências vencedoras.

A Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação: os russos, no leste; os ingleses, no noroeste; os franceses, no sudoeste; os norte-americanos, no sul. Berlim, a ex-capital do Terceiro Reich, foi partilhada entre as quatro potências.

Soviéticos organizam antifascismo

Mas nenhum dos países aliados iniciou a ocupação de forma tão bem elaborada quanto a União Soviética. Seu primeiro objetivo era fundar o Partido Comunista da Alemanha (KPD), registrado a 10 de junho de 1945. Poucas semanas após o fim da guerra, a União Soviética criou cinco novos estados alemães: Mecklemburgo, Saxônia, Turíngia, Saxônia-Anhalt e Brandemburgo.

"Na zona de ocupação soviética na Alemanha, é permitida a formação e atividade de todos os partidos antifascistas que tenham como objetivo a eliminação definitiva dos remanescentes do fascismo e o estabelecimento dos princípios da democracia, da liberdade e da participação política e o desenvolvimento da iniciativa própria da população nesse sentido", dizia um decreto da Administração Militar Soviética.

Embora nas outras três zonas de ocupação os partidos políticos só fossem autorizados meses mais tarde, uma reorganização política da Alemanha parecia mais do que necessária. A estrutura administrativa estadual e municipal precisava ser urgentemente reformulada.

A imagem mostra o Portão de Brandemburgo, em Berlim, em 1945, danificado devido aos bombardeios que atingiram a cidade no fim da Segunda Guerra Mundial. A foto é em preto e branco, e um soldado olha para a câmera.
O Portão de Brandemburgo, em Berlim, em 1945, danificado devido aos bombardeios que caíram na cidade no fim da guerraFoto: Wikipedia/Sendker

Nova Alemanha Oriental

Nesse campo, as forças de ocupação tinham objetivos distintos. Os soviéticos apostavam numa enxuta organização antifascista de poder. Os ingleses e americanos depositavam suas esperanças num amplo processo de democratização, enquanto os franceses queriam transformar sua zona numa extensão do território da França, dependente de seus próprios interesses nacionais. À semelhança dos soviéticos, tinham por meta incorporar sua zona de ocupação.

Para isso, no entanto, era preciso definir claramente as fronteiras estaduais. A zona soviética instituiu uma nova divisão político-administrativa no Leste alemão, com os estados Mecklemburgo, Saxônia, Turíngia, Saxônia-Anhalt e Brandemburgo.

Por meio da chamada Ordem 17 da Administração Militar Soviética, de 27 de julho de 1945, foram instituídas administrações centrais que serviram de base para um novo regime estatal antifascista. Quatro anos depois, no dia 7 de outubro de 1949, foi fundada a República Democrática Alemã, de regime comunista.