1963: Resgatados mineiros alemães soterrados por 15 dias
No outono europeu de 1963, durante quase duas semanas, a Alemanha concentrou as atenções em 43 mineiros soterrados numa mina do estado da Baixa Saxônia.
"43 desaparecidos, provavelmente todos mortos" foi a manchete que chocou o país em 23 de outubro de 1963, depois que rompeu uma barragem sobre uma mina de minério de ferro. Mais de 500 mil metros cúbicos de água e lama bloquearam o caminho à superfície dos 129 mineiros que trabalhavam naquele momento.
Com as próprias forças, 79 conseguiram se salvar imediatamente, outros sete foram resgatados pouco depois. Cinco perfurações para localizar os demais foram em vão, até que, três dias depois do acidente, foram ouvidos sinais: eram três homens que haviam encontrado abrigo a 80 metros abaixo da superfície. A difícil operação de resgate envolveu cem homens de equipes internacionais especializadas em perfurações.
Refugiados numa caverna
Demorou mais quatro dias até que os três vissem a luz do dia. Depois de uma semana, a operação de busca foi interrompida, já que não havia sinais de outros sobreviventes. Os nomes dos 40 desaparecidos já constavam da lista dos mortos quando os peritos atenderam aos apelos de um mineiro que insistia na procura num local específico.
Ele tinha razão: no dia 3 de novembro foi encontrada uma caverna no meio de uma montanha, onde 21 mineiros haviam se refugiado, dos quais 11 sobreviveram. Na completa escuridão, sem alimentos, eles resistiram nove dias num local de apenas dez metros quadrados a 60 metros abaixo do solo. Um equipamento desenvolvido por alemães especialmente para o resgate (Dahlbusch-Rettungsbombe) ajudou inicialmente a abastecer os sobreviventes e depois a resgatá-los.
Entre os 40 mineiros, 19 tiveram morte imediata. Outros dez que estavam com os 11 resgatados haviam sido soterrados por pedras soltas quando já se encontravam dentro do refúgio. Enquanto esperavam ajuda, os sobreviventes respiravam o ar que vinha de um duto intacto e bebiam a água que pingava do teto da caverna. Até o chefe do governo na época, Ludwig Erhard, visitou o local e encorajou os sobreviventes, enquanto esperavam pelo resgate. Catorze dias depois da catástrofe eles foram salvos.
A enorme repercussão do acidente na imprensa fez com que fossem arrecadados mais de 1 milhão de marcos em doações para as famílias dos 29 mortos. A mina Mathilde voltou a ser ativada depois de seu saneamento e ainda forneceu muito minério de ferro até sua desativação, em 1977.
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