1986: Comando terrorista alemão mata diplomata em Bonn
Publicado 10 de outubro de 2012Última atualização 10 de outubro de 2017A rua de um bairro nobre de Bonn foi bloqueada por carros de polícia. No meio, uma grande mancha vermelha de sangue. O então ministro do Exterior, Hans-Dietrich Genscher, está com os olhos rasos d'água: na sua frente, um corpo caído, coberto por um lençol branco. Tratava-se de um de seus mais fiéis colaboradores: Gerold von Braunmühl, diretor do Departamento de Questões do Leste-Oeste.
Por volta das 21h daquela sexta-feira, Von Braunmühl pegara um táxi para se deslocar do trabalho para casa. Ao chegar, pagou a corrida e desembarcou. De repente, apareceu à sua frente um homem encapuzado que atirou à queima-roupa. Von Braunmühl foi atingido por quatro tiros na barriga, coração e cabeça. Ele ainda conseguiu se arrastar por 20 metros até a beira da calçada, quando caiu morto. O assassino e seu cúmplice fugiram em um carro.
Os revolucionários da Frente Europa-Oeste, do Comando Ingrid Schubert, uma ala do grupo terrorista Fração do Exército Vermelho, assumiram a autoria do atentado por escrito, numa carta de sete páginas deixada no local do crime. Para os terroristas, Von Braunmühl era uma das figuras centrais na formulação da política ocidental europeia dentro do "sistema imperialista global".
Alta recompensa por pistas
Gerold von Braunmühl era um homem pacífico, não muito visado e, por não estar na lista das prováveis vítimas de um atentado, não andava com guarda-costas. As buscas não trouxeram qualquer resultado. Os assassinos continuavam foragidos, embora o governo alemão tivesse lançado uma recompensa de mais de 4 milhões de marcos por alguma pista concreta.
Políticos de todos os partidos ficaram abalados com a nova onda de terror na alta esfera governamental alemã. A morte do diplomata de 51 anos e funcionário de confiança do Ministério do Exterior foi um indício de que a organização terrorista Fração do Exército Vermelho tinha como alvo pessoas próximas ao alto escalão do país, representantes da linha moderada do governo. Esta, com sua política de entendimento internacional, esvaziava o conteúdo revolucionário da atuação dos militantes terroristas.
Quatro semanas após o atentado, os cinco irmãos de Von Braunmühl decidiram escrever uma carta aberta aos terroristas, que foi publicada no jornal berlinense de esquerda TAZ. No comunicado, eles pediam explicações sobre o motivo do crime.
O almejado encontro da família com os assassinos nunca chegou a acontecer. Em 1996, o filho e os irmãos de Von Braunmühl foram visitar na prisão Birgit Hogefeld, uma ex-integrante da Fração do Exército Vermelho. Entretanto, o tão esperado esclarecimento sobre o motivo do atentado continuou sem resposta.