25 de novembro de 1986
Quando se fala no caso Irã-Contras, automaticamente é mencionado o nome do ex-coronel Oliver North, que foi vice-diretor do Conselho Nacional de Segurança de 1981 a 1986, no governo de Ronald Reagan. Ele coordenou um esquema de venda secreta de armas norte-americanas para o Irã, com o objetivo de libertar norte-americanos em poder dos iranianos e desviar o dinheiro para a guerrilha dos Contras na Nicarágua.
Na época, estavam em vigor leis votadas pelo Congresso que proibiam o governo dos EUA tanto de fornecer armas para o Irã quanto de financiar a guerrilha anti-sandinista na Nicarágua.
Multa e liberdade condicional
O desvio de dinheiro foi denunciado pelo então secretário da Justiça, Ed Meese, a 25 de novembro de 1986, e logo ficou evidente que Oliver North fora o principal mentor da operação. Ainda no mesmo ano, ele depôs numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado. Os telespectadores que acompanharam o interrogatório pela tevê oscilavam entre considerá-lo herói ou bandido.
Em 1989, quando foi julgado pela Justiça Federal, North admitiu ter mentido em seus depoimentos ao Congresso. Uma corte federal o condenou a pagar multa de US$ 150 mil, três anos de liberdade condicional e prestar 1200 horas de serviços comunitários. Mas ele conseguiu anular a sentença em recurso encaminhado a instância superior.
O promotor independente Lawrence Walsh indiciou ainda outras 13 pessoas no caso Irã-Contras. Só quatro, de escalões inferiores, foram condenadas e cumpriram pena. O ex-assessor de segurança nacional de Reagan, John Poindexter, como North, ganhou recurso contra sua condenação.
Jogo de cintura político
O então presidente Reagan negou, várias vezes, diante da CPI, ter tomado conhecimento de qualquer detalhe da operação. Tanto a venda de armas ao Irã quanto o repasse do dinheiro aos Contras eram ilegais e politicamente injustificáveis. Com muito malabarismo e sem comprometer Reagan diretamente, Oliver North desempenhou diante do Congresso o papel de "um herói, que apenas realizara o desejo de seus superiores".
O ex-coronel disse quase tudo, menos a verdade, pronunciando o tipo de discurso que usaria em sua campanha para o Senado, em 1994. North era excessivamente charmoso para servir de bode expiatório no palco da política. E o ator principal, Ronald Reagan, incorporava a figura de um "superpai da nação" que ninguém queria desmascarar.
A maioria dos norte-americanos acreditou no presidente quando confessou que sabia dos contatos de North com os Contras, mas que sempre advertira o tenente-coronel da necessidade de respeitar as leis.