17 de setembro de 1988
Ascensão e queda de um símbolo do esporte. Tudo em poucos dias e na mesma competição. A prova masculina de 100 metros costuma ser o auge de uma disputa de atletismo. Em Seul, os astros eram o canadense Ben Johnson, o norte-americano Carl Lewis e o britânico Linford Christie.
Johnson não só ganhou a corrida, como quebrou o recorde mundial, com o incrível tempo de 9s79, num sábado, dia 24 de setembro de 1988. A glória, entretanto, durou pouco. Tanto a prova como a contraprova de urina deram resultado positivo no teste de doping. A substância identificada era o anabolizante Stanozolol, o que explicava em parte a constituição física de "Big Ben".
Reincidência encerra carreira de Ben
O próprio atleta participou dos testes nos laboratórios da Comissão Antidoping da Olimpíada e desapareceu rapidamente da competição. Um escândalo não só no mundo esportivo. A admiração cedeu lugar à indignação. Pela primeira vez, um atleta era flagrado dopado numa competição desse porte.
Em princípio, Johnson negou tudo, mas um ano depois admitiu estar se dopando desde 1981. O atleta foi suspenso de competições nacionais e internacionais e seus recordes foram anulados.
Em agosto de 1990, ele foi anistiado, mas seu desempenho nunca mais foi o mesmo. Nos Jogos de Barcelona, em 1992, desqualificou-se ainda nas semifinais. A queda definitiva aconteceu em 1993, quando teve outro teste de doping positivo e foi suspenso para sempre pela Federação Internacional de Atletismo.
Precedente na luta contra o doping
Muitos críticos consideram o caso Johnson uma prova da derrocada do esporte moderno. Esteroides anabólicos há muito tempo são o principal inimigo de todos os que lutam por um esporte autêntico. O escândalo virou precedência na luta contra o doping.
O que distinguiu a Olimpíada de Seul foi que, pela primeira vez, acontecia uma desqualificação por causa de doping. Vendo desta maneira, Johnson acabou conseguindo entrar para a história – como anti-herói.