A disputa pelo Urso de Ouro na Berlinale
Entre diretores consagrados e novos nomes, a Berlinale apresenta uma seleção que reserva espaço para descobertas e surpresas. Conheça os concorrentes ao principal prêmio do Festival de Berlim.
Mulheres fortes
Atrás e diantes das câmeras, mulheres fortes dominam a Berlinale em 2015. Isabel Coixet é a segunda diretora, depois de Margarethe von Trotta, a ter a honra de abrir o festival – com "Nobody wanst the night", estrelado por Juliette Binoche. A polonesa Malgorzata Szumowska volta a Berlim com "Body" (foto), que mostra a relação de um promotor com sua filha anoréxica e sua terapeuta.
Antes de a censura chegar
Em um cenário apocalíptico, Alexey German Jr. mostra em Berlim seu mais novo filme, "Under electric clouds". O diretor russo tenta condensar o clima atual de seu país em símbolos de um futuro devastado. Talvez uma das últimas chances de ver o livre e florescente novo cinema vindo da Rússia, já que há uma pressão no país para a "regulamentação" de produções consideradas "anti-russas".
Grandes diretores
Em "Einsenstein in Guanajuato", Peter Greenaway mostra a viagem do icônico cineasta soviético ao México em 1931. No entanto, a maneira como a sexualidade de Einsenstein foi retratada fez com que o filme fosse banido na Rússia. Além de Greenaway, a competitiva exibe novos filmes de Terrence Malick ("Knight of cups"), Benoit Jacquot ("Diary of a chambermaid") e Jafar Panahi ("Taxi").
Diversidade asiática
Vencedora em 2014, a China tem presença discreta, com apenas a produção de época "Gone with bullets". O Japão pode surpreender com a comédia de fantasia "Chasuke's Journey", do diretor Sabu. Mas o filme asiático mais esperado é o vietnamita "Big father, small father and other stories", de Phan Dang Di, que explora a vida de um estudante de fotografia em Ho Chi Minh (antiga Saigon), nos anos 1990.
Forte presença alemã
Três consagrados cineastas alemães disputam o cobiçado Urso. Werner Herzog apresenta o internacional "Queen of the desert", estrelado por Nicole Kidman. "Als wir träumten" (foto), de Andreas Dresen, mostra um grupo de jovens amigos após o fim da Alemanha Oriental. De Lepzig nos anos 1990, para a Berlim atual, "Victoria", de Sebastian Schipper, acompanha as desventuras de uma espanhola pela cidade.
A nova Argentina?
Há mais de uma década, a Argentina ganhou destaque na cena mundial. Nos últimos anos, no entanto, o foco começou a se espalhar por outros países da América Latina. E a seleção de dois filmes chilenos na competitiva mostra a força do atual cinema do país. Além de "El Club", de Pablo Larraín, ("No"), o Chile apresenta o enigmático documentário "El botón de nácar" (foto), de Patricio Guzmán.
Surpresa da Guatemala
Umas das grandes surpresas deste ano é "Ixcanul", do diretor guatemalteco Jayro Bastumante. Para contar a história da jovem Maria, ele voltou a Caqchiquel, região onde cresceu, para investigar como vivem as populações locais. O filme, falado em espanhol e caqchiquel, busca não ser um retrato das populações indígenas, mas uma história desenvolvida dentro dessa cultura.
Complexas relações humanas
Com "Weekend" e a série de televisão "Looking", Andrew Haigh conseguiu retratar problemas e desilusões dos jovens gays em uma sociedade onde a homossexualidade não é mais um tabu. Ele muda seu foco em "45 Years". Seu novo filme mostra um casal de meia idade e sem filhos que, às vésperas de celebrar 45 anos juntos, perdem o chão ao serem obrigados a lidar com desconhecidas emoções.
Passado e presente no Leste Europeu
Consagrada com seus curtas-metragens, a italiana Laura Bispuri resolvei ir até a Albânia em seu filme de estreia. "Sworn virgin" mostra a vida das mulheres que fazem voto de castidade, se vestem e vivem como homens na patriarcal sociedade do país. Outro destaque é "Aferim!", do romeno Radu Jude. Passado em 1835, o filme é um western experimental e reflete conflitos atuais do país.
O júri
O destino dos 19 filmes selecionados está nas mãos do júri, presidido por Darren Aronofsky (Cisne Negro). O diretor americano tomará sua decisão ao lado do alemão Daniel Brühl, da eterna "Amelie" Audrey Tautou, da peruana Claudia Llosa (vencedora do Urso de Ouro em 2009 por "A teta assustada"), do sul-coreano Bong Joon-ho, da produtora Martha De Laurentiis e do diretor e roteirista Matthew Weiner.