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A geração cabeça baixa e o risco de ignorar o mundo ao redor

11 de abril de 2016

Estudo aponta que um sexto dos pedestres se distrai com o próprio smartphone ao caminhar pelas ruas, digitando, telefonando ou ouvindo música. Falta de atenção está relacionada a grande parte das mortes no trânsito.

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Menino com fone de ouvido e celular atravessando a rua
Foto: picture-alliance/dpa/H. Ossinger

Checar os e-mails, postar uma foto no Facebook, mandar uma mensagem no Whatsapp e tudo isso enquanto caminha. A chamada "geração cabeça baixa" é um perigo não apenas no volante, mas também a pé. Um em cada seis pedestres se distrai com o celular ao caminhar na rua, de acordo com um estudo da Associação Alemã de Vigilância Automobilística (Dekra), divulgado neste mês.

Após a observação de quase 14 mil pedestres em seis cidades europeias – Berlim, Amsterdã, Paris, Bruxelas, Roma e Estocolmo –, a pesquisa apontou que 17% deles focaram mais no próprio smartphone do que no trânsito. A maioria digitou, telefonou ou fez os dois ao mesmo tempo. Outros caminharam pelas ruas com fones de ouvido sem falar, indicando que estavam ouvindo música.

"Telefonar, ouvir música, usar aplicativos ou digitar mensagens de texto causam distrações arriscadas no trânsito", alerta Clemens Klinke, membro do conselho executivo da Dekra. "Muitos pedestres parecem subestimar os perigos aos quais se submetem."

O problema da "geração cabeça baixa" não se restringe à Europa, mas parece ser um fenômeno global. Nos Estados Unidos, uma universidade chegou a construir uma text lane, ou seja, uma pista por onde estudantes devem caminhar enquanto digitam em seus smartphones. Também há iniciativas do tipo na China e em Antuérpia, na Bélgica.

Smartphone como ferramenta de acessibilidade

Nas cidades europeias analisadas pela Dekra, as distrações foram verificadas em cruzamentos movimentados, em faixas de pedestres, em paradas do transporte público ou estações de trem – locais onde a concentração de pedestres é maior.

Jovens se arriscam mais

Como era de se esperar, a tendência observada é de que os mais jovens utilizem mais um smartphone do que os mais velhos. No entanto, o uso mais intensivo dos dispositivos foi verificado em pessoas entre 25 e 35 anos de idade. E enquanto as mulheres se distraíram mais digitando no celular, no caso dos homens, ouvir música ocorreu com mais frequência.

Entre as cidades observadas, Amsterdã foi onde menos pedestres usaram o celular ao caminhar pela rua (8,2%), enquanto Estocolmo ficou em primeiro lugar, com 23,55% dos pedestres distraídos com o celular.

"Uma cena em Estocolmo foi particularmente impressionante: uma menina ficou parada no meio da rua, pegou seu celular e começou a digitar. Somente quando um motorista de ônibus buzinou, ela percebeu onde estava e continuou andando", relata Klinke.

Outros exemplos citados são os de grupos de jovens que olhavam juntos para um smartphone no meio da rua ou uma mulher que, ao atravessar a rua empurrando um carrinho de bebê, digitava no celular sem atentar para o semáforo.

E a distração provocada pelos smartphones é particularmente alarmante quando analisadas as estatísticas. De todos os mortos no trânsito na União Europeia (UE), 22% são pedestres, segundo a Dekra. Na Alemanha, uma em cada dez mortes nas ruas é provocada por má conduta dos pedestres – o que em metade dos casos significa não prestar atenção no trânsito.

LPF/dpa/ots