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"A legalização seria o fim do grafite"

(hh / sv)18 de maio de 2006

Arte e meio de expressão da cultura urbana ou intervenção indesejada no espaço público? Pichadores na defesa e autoridades no ataque discutem o grafite na sociedade alemã.

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Spray na mão e ação nas ruasFoto: PA/dpa

"A indústria se aproveita do que fazemos. Eles produzem latas de tinta especialmente para nós e têm lucros com isso. Se por um lado, dizem que devemos parar com essa história, por outro, ganham milhões às nossas custas. E fazem tudo para que a gente continue grafitando", conta Philip, de 30 anos, um designer gráfico que nas horas vagas gosta de viver perigosamente com suas latas de tinta nas ruas de Colônia.

Hobby perigoso e caro

Além de perigoso – na Alemanha pode render até dois anos de cadeia – o grafite é também um hobby nada barato. O que não costuma desencorajar seus adeptos, geralmente obcecados pelas saídas noturnas pelas ruas das grandes cidades.

Sprayer - Großbild
Foto: PA/dpa

"Já tive que pagar uma boa quantia de dinheiro pela limpeza de um prédio, quando me pegaram grafitando. E também tive despesas com advogados. Não aceito simplesmente que um grafiteiro possa ser condenado a até dois anos de prisão, enquanto traficantes de drogas ou estupradores continuam andando soltos por aí. Há uma inversão de valores aí", reclama Atchi, um estudante de Biologia de 25 anos e adepto do grafite.

Ação antigrafite

Somente em Colônia, pichadores e grafiteiros causaram nos últimos anos prejuízos em torno de 40 milhões de euros. Em edifícios públicos, os danos são estimados em dois milhões de euros por ano. Como forma de controle e oposição à forma de arte ilegal, foi criada na cidade uma ação antigrafite, coordenada por repartições públicas e empresas privadas.

A organização discute quais são os melhores métodos de combate às pichações e como trazer de volta a "limpeza" visual ao espaço público. O grau de dificuldade depende muito da qualidade do material usado. "Há diversos métodos. Pode-se dizer que o preço da repintura por metro quadrado varia de 50 a mais de 200 euros", avalia Christine Geis, coordenadora da ação.

Protesto contra overdose publicitária

Graffiti in Deutschland, Stadtkulisse von Greifswald
Grafite em Greifswald, no Leste alemãoFoto: dpa

Independentemente dos esforços para recuperar a aparência original dos prédios, grafites e pichações já fazem parte da paisagem urbana de muitas cidades alemãs. Trens, metrôs e bondes tampouco escapam das tintas. "O grafite é uma forma de protesto. Não suporto ver publicidade por todos os lados. Ninguém nunca me perguntou se quero ficar vendo propaganda de McDonalds ou Burger King pelas ruas. Odeio isso", justifica o grafiteiro e designer Phillip.

Hoje, porém, ele já recebe até encomendas de "grafites oficiais", que servem de decoração em locais como clubes noturnos ou bares. O grafite é associado à imagem jovem e por isso bem-vindo nestes locais. Legalizar completamente a atividade seria, contudo, o mesmo que "assassinar o grafite", acredita Phillip.

Perda do interesse

"Com a legalização, 70% dos grafiteiros deixariam o spray de lado, pois perderiam o interesse. Se for uma coisa legal, qualquer um pode fazer. Não quero que isso aconteça, porque não seríamos mais uma pequena comunidade, como somos hoje. Se houver um contole de cima, perde a graça. E também: se tudo estiver pintado e pichado, desaparece a beleza do grafite", conclui o "mestre" Pillip.