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A marca das três listras

Laís Kalka16 de outubro de 2003

A história da Adidas começou logo após a Primeira Guerra Mundial, quando Adolf Dassler desenvolveu um sapato de pano para atletas. Hoje, a empresa das três listras é a segunda maior do mundo em artigos esportivos.

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Adolf Dassler, chamado de Adi, tinha apenas 20 anos, quando desenvolveu em 1920, com os poucos materiais disponíveis logo depois da Primeira Guerra Mundial, sapatos de pano especiais para corredores, levado pela idéia que o guiou durante toda sua vida: a de que cada atleta tivesse o sapato adequado para o esporte que praticava.

O sucesso do modelo serviu de incentivo para Adi Dassler, que logo desenvolveu sapatos para outras disciplinas do atletismo e chuteiras para futebolistas. Já em 1928 os esportistas alemães disputaram a Olimpíada de Amsterdã calçando sapatos especiais da oficina de Dassler, que nunca se cansou, até morrer em 1978, de buscar o modelo perfeito da chuteira, da bota, do tênis, o que se traduz em 700 patentes e modelos registrados em todo o mundo.

Já na década de 30, Dassler produzia 30 modelos para 11 disciplinas esportivas, com a ajuda de 100 funcionários. Entre os atletas que conquistaram títulos equipados com sapatos desenvolvidos por ele, estava o norte-americano Jesse Owens, que brilhou na Olimpíada de Berlim em 1936 com quatro medalhas de ouro.

Recomeço após a Segunda Guerra

Com o país em escombros, após a Segunda Guerra Mundial, Adi Dassler retomou a produção com 47 funcionários, fazendo sapatos esportivos de lona e borracha retirada de vasilhames usados pelos americanos para armazenar combustível. Em 1947, juntou seu apelido com a primeira sílaba do sobrenome, criando a marca que logo se tornou símbolo de qualidade em todo o mundo: Adidas. As três listras foram acrescentadas como marca registrada no ano seguinte.

Fussballschuhe und ein handsignierter Fussballweltmeisterschaftsball von Fritz Walter
Chuteira de Fritz Walter, campeão mundial em 1954, no museu instalado na sede da AdidasFoto: AP

A conquista do Campeonato Mundial de Futebol de 1954 pela Alemanha selou definitivamente o sucesso da Adidas: na legendária partida final contra a Hungria, os jogadores da Seleção Alemã calçavam chuteiras com travas removíveis desenvolvidas por Adi Dassler.

Maior variedade de artigos esportivos

O sortimento de produtos nunca parou de crescer, incluindo a fabricação de bolas a partir de 1963 e de confecções esportivas desde 1967. Fundindo-se com o grupo Salomon, em 1997, após uma fase de fracassos financeiros, a Adidas-Salomon passou a congregar a maior variedade do mundo de artigos esportivos, que são vendidos sob diferentes marcas, num total de 600 modelos de sapatos e 1500 peças de confecção.

Seus artigos são vendidos em mais de 160 países, graças a mais de 50 subsidiárias ou joint ventures. Seus dois principais centros de produção, na sede principal em Herzogenaurach, Alemanha, e em Portland, Estados Unidos, empregam 3 mil pessoas. No mundo inteiro, a Adidas-Salomon tem 13 mil funcionários.

Embalada pelos bons resultados de 2002 — quando aumentou seu faturamento em 7% para 6,5 bilhões de euros —, a empresa quer deixar para trás sua maior concorrente, a Nike, e assumir a liderança mundial no setor de artigos esportivos.

Produzir no exterior para reduzir custos

Adidas Schuhe
A maioria dos tênis com as três listras é produzida hoje na ChinaFoto: AP

Equipes de desenhistas, especialistas em biomecânica, tecnologia de materiais e desenvolvimento de produtos projetam, desenvolvem e testam novos produtos. A produção propriamente dita foi quase toda transferida para países de mão-de-obra mais barata. Apenas 1% da produção provém de fábricas próprias; os têxteis são confeccionados quase sempre no Sudeste Europeu; os sapatos, na Ásia, concentrando-se principalmente na China.

A volta por cima no Brasil

Presente no Brasil desde 1973, a Adidas teve uma fase de sucesso nas duas décadas seguintes, tendo depois quase saído de cena. A recuperação da empresa internacional a partir de 1997 demorou a refletir-se no país, onde ela registrou prejuízos em 1999, 2000 e 2001. Somente em 2002 a Adidas do Brasil conseguiu reverter a situação, aumentando seu faturamento em 53% para 145 milhões de reais.

A abertura na Bahia de uma fábrica da gaúcha Disport, que fabrica para a Adidas no Brasil, insere-se em planos de aumentar e baratear a produção, de modo a abastecer também o mercado argentino. As importações de tênis fabricados na Ásia, que hoje perfazem 70% das vendas no Brasil, devem ser reduzidas, a médio prazo, à metade.

Graças a uma expansão nas vendas de 31%, em 2002, para a qual contribuíram sobretudo o Brasil, Argentina, Chile e México, a América Latina está no foco da Adidas nos próximos anos.