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A rede da terceira idade

(am)3 de novembro de 2002

Segundo um ditado popular, "é de pequenino que se torce o pepino". Isto está perdendo a sua validade na internet alemã. Pois um número cada vez maior de pessoas idosas está aprendendo a lidar com os computadores.

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Jovens e velhos: a internet é para todosFoto: AP

Ingrid Kaya acessa freqüentemente a internet. "O que eu não sei, já não busco mais na enciclopédia", afirma a aposentada de Frankfurt do Meno, 61 anos de idade. Ela também consulta os horários de ônibus e de trem através da rede. E quase todas as transações bancárias são feitas de casa, por home banking.

O que ela não gosta muito são as salas de chat. "Há muita bobagem nelas", afirma. Ingrid Kaya é autodidata: ela aprendeu a utilizar o micro e a acessar a internet, lendo revistas especializadas do setor. Com isto, pôde ingressar na rede, que reúne hoje – só na Alemanha – centenas de milhares de internautas da sua idade.

Geração 50+

Winfried Richter trabalha na Deutsche Telekom, a ex-estatal de telecomunicações da Alemanha. Hoje, uma das maiores empresas do setor na Europa e a maior provedora alemã de internet. O trabalho de Winfried Richter na Telekom consiste em orientar e incentivar as pessoas mais velhas para o acesso à internet. Ele prepara cursos denominados "Geração 50+", que são oferecidos pela empresa em quase todo o país. Com grande sucesso. Mais de cem mil alemães já aproveitaram a oportunidade para aprender a utilização da nova mídia.

Segundo uma pesquisa de mercado do portal feierabend.com, de Frankfurt do Meno, apenas 3% dos internautas alemães tinha mais de 50 anos de idade, em 1995. Hoje, são mais de 20%. E já em 2003, o número dos "velhinhos" poderá atingir um quarto do total dos internautas alemães.

Envelhecer com competência

"Dentro em breve, teremos mais pessoas acima de 60 anos de idade, que jovens de 20 anos", afirma a ex-ministra alemã de Assuntos da Família e gerontologista Ursula Lehr. Os estudos demográficos confirmam tal informação: a média de idade da população alemã é cada vez mais alta.

Na opinião da ex-ministra, "é importante envelhecer com competência". O acesso à internet representa para ela uma forma de manter ativa a área intelectual e espiritual. Ursula Lehr, fundadora do Instituto de Gerontologia na Universidade de Heidelberg, ressalta contudo que a forma de aprender das pessoas idosas é diferente da maneira como os jovens adquirem novos conhecimentos. Elas necessitam de mais tempo, de artifícios para memorização e é importante que a matéria a ser aprendida esteja estruturada de forma lógica.

Poder de compra

Para as empresas que oferecem seus produtos pela internet, as pessoas mais velhas são uma clientela muito interessante, diz Ursula Lehr: "Entre nós, ainda são os mais velhos que têm um poder de compra relativamente forte."

O portal feierabend.com foi criado há cerca de quatro anos por Alexander Wild e se destina ao público mais velho. Foi um dos pioneiros desse segmento de mercado na internet da Alemanha. Também ele afirma, apoiando-se num estudo feito pela Universidade de Frankfurt, que a maioria das pessoas que acessam seu portal já efetuaram compras online.

Os temas de maior interesse dos "internautas de cabelos brancos", afirma Wild, são as pesquisas genealógicas, viagens, questões de saúde, temas sociais e informações sobre animais de estimação. Os assuntos referentes a moda, esporte ou erotismo passam praticamente em branco pela "geração 50+".

Ingrid Kaya confirma: ela própria sempre busca informação sobre animais na internet. O que ela contesta, é o preconceito de que são os jovens que atraem os mais velhos para a rede: "Fui eu que ensinei minha filha a navegar na internet. Antes, ela não tinha a menor idéia disto."