A volta da filha pródiga
6 de janeiro de 2004Este ano Franka Potente retorna à pátria. A atriz alemã, que ficou internacionalmente conhecida com o filme Corra, Lola, corra, classifica o ano e meio que passou em Los Angeles como um “remédio amargo”. Para tomá-lo, é preciso lembrar-se: “Vai te fazer bem, embora o gosto seja ruim”.
Bastante modesto é o entusiasmo de Franka pela metrópole “um tanto caidaça” e pelos EUA em geral. Ela critica a “incrivelmente curta” capacidade dos americanos de fixar a atenção, “tudo é sempre interrompido por comerciais”. “Todos os textos são curtíssimos, em tipos grandes, quase ninguém mais lê. Estou acostumada de outro jeito e preciso que seja assim”, reclama. Entre as muitas coisas de que sentiu falta em sua temporada norte-americana, estão também banalidades do dia-a-dia, como o bom pão integral alemão.
O mundo para além de Hollywood
Ela reconhece que viver em Hollywood poderia ser útil à sua carreira, “mas talvez a questão não seja tão importante assim para mim”. Com naturalidade, aceita que, devido a esta opção, venha a perder um ou outro trabalho, “mas, honestamente, não é nenhuma tragédia”. Contudo, faz questão de acentuar que seu retorno à Alemanha é antes uma decisão existencial do que profissional. Prova disso é que justamente em janeiro começam as filmagens para a continuação de A identidade Bourne, filme que lhe garantiu pleno reconhecimento também nos EUA, atuando ao lado de Matt Damon.
Existencial foi também a viagem para os EUA. Ao contrário do que se poderia esperar, ela afirma que em Los Angeles procurou tranqüilidade, pois ansiava pela vida cotidiana, numa cidade onde ninguém a conhecesse. Foi também uma forma de elaborar a dura separação de Tom Tykwer, seu diretor em Corra, Lola, corra e A princesa e o guerreiro. Mas agora, recuperada e de namorado novo – o fotógrafo Olaf Heine –começará em breve a procura de um apartamento na capital alemã: “Tem que ser Berlim, gosto tanto de Berlim”.
Papel duplo
O mais novo filme da estrela de 29 anos, lançado na primeira semana de janeiro na Alemanha, é Blueprint, de Rolf Schübel (Gloomy Sunday), baseado num livro infanto-juvenil de Charlotte Kerr. Nesta produção alemã, Franka interpreta a famosa e extravagante pianista Iris Sellin. Portadora de moléstia terminal, esta se faz clonar, para garantir que seu talento musical continuará existindo para além de sua vida. Quando sua “filha” adolescente, Siri, descobre que só nasceu para satisfazer a vaidade da artista, começa um dramático conflito de mãe e filha.
A filmagens foram realizadas no Canadá e na região de Münster, onde nasceu Franka Potente. Ela confessa que, ao aceitar este trabalho, o tema “clonagem” a interessou menos do que a possibilidade de realizar um velho sonho: interpretar um papel duplo, sobretudo o da Iris madura, aos 50 anos de idade.