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A árdua procura pelo próximo presidente alemão

Naomi Conrad
25 de outubro de 2016

Sociais-democratas defendem a candidatura do atual ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier. Mas aliança CDU/CSU demonstra resistência, e a busca pelo sucessor de Gauck pode gerar mal-estar na coalizão de Merkel.

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Ukraine Gauck in Babi Jar
Joachim Gauck anunciou em junho que não concorrerá a novo mandatoFoto: picture-alliance/dpa/Wolfgang Kumm

O Partido Social-Democrata (SPD) e a aliança formada pela União Democrata Cristã (CDU) e a bávara União Social Cristã (CSU) tinham a intenção de chegar a um acordo sobre um candidato à presidência da Alemanha até o final de outubro. Mas a busca pelo sucessor de Joachim Gauck, que decidiu não concorrer a um segundo mandato, não tem sido tarefa fácil.

Muitos nomes vieram à tona, sendo mais tarde invalidados. O exemplo mais recente é Andreas Vosskuhle, atual presidente do Tribunal Constitucional Federal alemão, que se afastou da disputa alegando problemas familiares.

Agora, um novo nome foi cotado, sem causar grande surpresa: Frank-Walter Steinmeier, ministro do Exterior alemão. A sugestão é do líder dos sociais-democratas e vice-chanceler federal, Sigmar Gabriel, em declarações publicadas na edição desta segunda-feira (24/10) do tabloide alemão Bild.

Deutschland Energy Transition Dialogue in Berlin Steinmeier und Gabriel
Gabriel (à direita) quer Steinmeier na presidênciaFoto: BSW-Solar

Ao jornal, Gabriel disse que a Alemanha precisa de um candidato "que possa representar o país, que conheça os desafios enfrentados atualmente e que tenha respostas". Steinmeier, segundo ele, se encaixa neste perfil.

O sucessor de Gauck deve ser eleito em fevereiro pela Assembleia Nacional (Bundesversammlung), que se reúne exclusivamente para este fim. Metade dela é formada pelos deputados federais e a outra, por delegados escolhidos pelas assembleias legislativas dos 16 estados da Alemanha.

O número de representantes é baseado nas maiorias políticas dentro dos governos estaduais e federal. A CDU/CSU e o SPD, no caso, são maioria. Mas se o Partido Verde e A Esquerda chegam a um acordo sobre um candidato do SPD, por exemplo, eles passam a ter vantagem sobre a aliança CDU/CSU.

Steinmeier sofre resistência

Conhecida como União, a aliança entre o partido da chanceler federal Angela Merkel e sua aliada bávara CSU, até então, tem rejeitado a proposta do SPD. Para o secretário-geral da CSU, Andreas Scheuer, Steinmeier precisa se concentrar em seu trabalho como ministro do Exterior.

Na manhã desta segunda-feira, o líder da CDU no estado da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, disse a jornalistas que considera pouco inteligente a atitude de Sigmar Gabriel de apresentar um novo candidato à presidência "praticamente a cada domingo". Uma estratégia melhor, segundo ele, seria manter negociações dentro da coalizão de governo.

A legenda A Esquerda, por sua vez, deixou claro que não apoiaria a candidatura de Steinmeier. Ele seria "um candidato difícil para A Esquerda", disse Dietmar Bartsch, líder da bancada parlamentar do partido. O político acrescentou que, enquanto não estiver claro quais candidatos irão disputar a eleição na Assembleia Nacional, não é possível antecipar a intenção de voto da Esquerda.

O presidente da legenda, Bernd Riexinger, também foi firme na opinião sobre a candidatura do atual ministro: "Frank-Walter Steinmeier é um dos arquitetos da Agenda 2010, que aumentou a pobreza entre as classes médias e aprofundou a disparidade entre ricos e pobres. Para nós, ele é inelegível".

Simone Peter, presidente do Partido Verde, disse que sua legenda irá considerar qualquer candidato apresentado. Ela, no entanto, manifestou desejo em ver uma mulher ocupando a presidência.

E o que diz Steinmeier? Em participação num talk-show político na noite de domingo, o ministro disse apenas que, atualmente, tem outras prioridades. "Estou completamente concentrado nas crises e conflitos ao redor do mundo e em como a Alemanha pode ajudar na busca por soluções", afirmou.

Na Alemanha, apesar de o presidente, como chefe de Estado, possuir algumas atribuições executivas, seu papel é quase apenas simbólico. A Lei Fundamental (Grundgesetz) lhe garante a competência de assinar acordos e tratados internacionais, mas a política externa cabe ao governo, chefiado pelo chanceler federal. O mandato presidencial é de cinco anos, sendo permitida uma única reeleição.