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Internet em Cuba

9 de fevereiro de 2011

Yoani Sánchez, renomada blogueira cubana, informou que pode acessar seu blog, antes proibido em Cuba. A que se deve esta abertura repentina? Será uma casualidade ou um passo em direção a uma maior liberdade de opinião?

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Blogueira Yoani Sánchez luta pela liberdade de expressão em CubaFoto: picture-alliance/ dpa

A premiada blogueira cubana Yoani Sánchez é conhecida no mundo inteiro pelo seu blog Generación Y, criado em 2007. Ela se converteu já há algum tempo em símbolo da luta pela liberdade de expressão e de imprensa em Cuba. Por seu notável trabalho, Sánchez recebeu em 2008 o Prêmio Ortega y Gasset de jornalismo, do diário espanhol El País. No mesmo ano, obteve o prêmio The BOBs, concedido pela Deutsche Welle, nas categorias Melhor Weblog e Prêmio Repórteres sem Fronteiras, do público.

Como disse a blogueira cubana, na terça-feira (08/02) através do Twitter, "não paro de me surpreender" com a possibilidade de acessar a internet num hotel sem problemas e, inclusive, abrir a página Voces cubanas – a plataforma blogueira feita em Cuba. "A grande pergunta agora é: quanto tempo isso vai durar? Voltarão a me boicotar digitalmente?", escreve a famosa blogueira, que já conta com 100 mil seguidores no Twitter.

Yoani Sánchez Bloggerin in Kuba
Sánchez em sua casa em HavanaFoto: AP

A que se deve esta abertura repentina? Será apenas uma casualidade, uma falha técnica ou, de fato, um passo em direção ao uso mais livre dos meios de comunicação modernos? Também existe a possibilidade de que esta ação ocorra unicamente no contexto da Feira Internacional de Informática de Havana, cuja 14ª edição se realiza entre 7 e 11 de fevereiro. "Eu me pergunto: será algo conjuntural, a retirada do boicote acontece apenas no período da Feira de Informática de 2011?", indaga Sánchez no Twitter.

Os "inimigos da internet"

O acesso à rede em Cuba é muito restrito, caro e lento. É necessário permissão especial para se ter uma conexão, e uma caixa postal eletrônica pode ser cancelada sem prévio aviso. Se alguém se conecta à rede num hotel deverá pagar algo em torno de 8 euros e, numa lan house, aproximadamente 1,33 euro.

Em 2010, somente 14 em cada 100 cubanos puderam navegar na internet – proporcionalmente a cota mais baixa da região. Em comparação, o número de usuários na Alemanha chega a 79,1 em cada 100 habitantes, no México 27,2% da população navega na web e na Argentina, 64,4%. Não é de surpreender que a organização Repórteres sem Fronteiras inclua Cuba no grupo dos 13 "inimigos da internet".

Fibra ótica – uma janela para o mundo

É possível, também, que a abertura momentânea, mencionada por Yoani Sánchez, deva-se simplesmente a uma falha técnica e não a uma mudança política fundamental. Desde janeiro, um navio especializado trabalha na instalação de um cabo de fibra ótica com mais de 1.600 km de comprimento, que conectará Cuba com a rede global de dados. O projeto se torna realidade quatro anos depois da assinatura de um acordo entre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o então líder cubano, Fidel Castro.

A companhia de telecomunicações Gran Caribe, fundada por ambos os países, investe 52 milhões de euros nesse projeto. Raúl Castro já o descreveu como o “fim do bloqueio tecnológico”, uma vez que responsabiliza os EUA pela falta de uma conexão de internet de alta velocidade. Se, por um lado, a cooperação com a Venezuela oferece uma solução para o problema, por outro, significa também muito mais custos, já que o cabo é dez vezes mais extenso do que o que se utilizaria no Estreito da Flórida.

Revolução tecnológica

Para os usuários, isso poderia se tornar uma pequena revolução tecnológica, já que a capacidade de transmissão de dados será 3.000 vezes maior do que a conexão atual por satélite. No entanto, ainda não se pode prognosticar se o número de internautas aumentará a partir de julho de 2011, quando está previsto a finalização do projeto.

Ramiro Valdés Menéndez, atual vice-presidente do conselho de Estado e do conselho de ministros em Havana, anunciou que, nos próximos tempos, não haverá aumento da oferta de internet em Cuba. Algo que de forma alguma surpreende aos blogueiros da ilha, que já falam de um "apartheid" tecnológico.

Autora: Valeria Risi (pp)
Revisão: Carlos Albuquerque