Aeroporto central de Berlim inicia obras após 15 anos
5 de setembro de 2006Não somente uma, mas três pedras fundamentais foram lançadas, nesta terça-feira (05/09) em Berlim, por ocasião dos inícios dos trabalhos do novo Aeroporto Internacional de Berlim-Brandemburgo, o novo aeroporto central da capital alemã.
De forma bastante significativa, uma primeira pedra foi lançada pelo ministro dos Transportes, Wolfgang Tiefensee, uma segunda pelo governador de Brandemburgo, Matthias Platzeck e a terceira pelo prefeito da cidade de Berlim, Klaus Wowereit. Desta forma, os três políticos pertencentes ao Partido Social Democrata (SPD) sentem-se pais do prestigioso projeto, que finalmente toma forma, depois de anos.
Cerca de dois bilhões de euros deverá custar agora a ampliação do Aeroporto Schönefeld, localizado a sudeste de Berlim, que até 2011 deverá se tornar o terceiro maior aeroporto alemão. Trata-se de um dos últimos grandes projetos de transporte da reunificação alemã.
Protestos, azares e falências
Durante anos, o projeto de ampliação do Aeroporto Internacional de Berlim-Brandemburgo experimentou uma série de protestos, azares e falências. Somente em março deste ano, o Tribunal Federal Administrativo, sediado em Leipzig, rejeitou uma queixa contra a autorização de construção, outorgada em 2004, dando assim sinal verde para o projeto.
Devido à expectativa de poluição sonora, habitantes da região iniciaram há alguns anos uma campanha pública contra o projeto colossal. Cerca de 134 mil moradores se opuseram ao processo de aprovação do projeto. A construção foi autorizada com restrições, que incluem a proibição de vôos noturnos. A queixa constitucional dos opositores da ampliação não foi, entretanto, decidida.
Como ponto de conexão para 60 milhões de passageiros por ano, o aeroporto já deveria ter entrado em operação em 2004, segundo o projeto do início dos anos 90. Após a reunificação, especialistas alertaram para o fato de o movimento aéreo da capital alemã estar dividido entre os aeroportos Schönefeld, antigo aeroporto central de Berlim Oriental, como também Tegel e Tempelhof na antiga Berlim Ocidental, o que prejudicaria tal movimento.
Dimensões bem menores
Com o decorrer do tempo, desmoronou-se a visão da nova capital como cidade crescente e próspera, encolhendo-se também as dimensões planejadas para o novo aeroporto. O novo projeto deverá ter uma capacidade inicial para 22 milhões de passageiros por ano e, como aeroporto central único, deverá substituir a atual divisão do ineficiente sistema de transporte aéreo.
Planejados estão um novo terminal de passageiros e uma segunda pista de decolagem e aterrissagem; a pista existente deverá ser ampliada. Além disso, planeja-se uma estação subterrânea para trens de alta velocidade.
Três locais estavam em cogitação para o novo edifício: um aeroporto militar abandonado em Sperenberg, localizado cerca de 70 quilômetros ao sul de Berlim; um areal parecido em Jüterbog, ainda mais longe da cidade, além de Schönefeld, localizado nos arredores da cidade. Através de um estudo de planejamento regional, Jüterbog e Sperenberg foram classificados como equivalentes. Para Schönefeld, os especialistas atestaram na época graves desvantagens.
O fracasso dos particulares
Apesar de tudo, a escolha recaiu sobre Schönefeld, aonde se pode chegar de trem. Devido à escassez de recursos públicos o aeroporto deveria ser construído e administrado exclusivamente por particulares, pela primeira vez na história da Alemanha. Entretanto, o Tribunal Superior Estadual revogou o resultado da concorrência ganha pelo consórcio em torno da construtora Hochtief, de Essen. Os magistrados consideraram que o consórcio em torno da holding IVG de Bonn sofrera desvantagens no processo de concorrência.
Por conseguinte, os antigos concorrentes se associaram. Eles eram os únicos interessados e utilizaram seu monopólio como instrumento de pressão, exigindo garantias públicas para os imensos riscos envolvidos, motivo que levou Berlim, Brandemburgo e o governo federal a interromper o projeto. Em vez disso, os governos estaduais e o antigo ministro da Construção, Manfred Stolpe, decidiram construir o novo aeroporto com dinheiro público.
Críticas de última hora
Pouco antes do lançamento da pedra fundamental do novo aeroporto central, as duras críticas da companhia de vôos baratos Easyjet foram motivos de preocupação. Seu diretor na Alemanha, John Kohlsaat, colocou em dúvida a viabilidade econômica do novo projeto, alertando para as elevadas taxas e preços dos bilhetes. Diferentes linhas aéreas, entretanto, revidaram tais críticas.
O chefe da companhia Air Berlin, Joachim Hunold, afirma que "o planejamento do novo aeroporto está de pé e deve ser realizado o mais rápido possível". Wolfgang Weber, porta-voz da Lufthansa para Berlim, complementa: "Não existe hoje nenhum motivo para se falar mal do projeto".