Agentes duplos que entraram para a história
7 de julho de 2014Mata Hari: a dançarina sedutora de generais
A holandesa Margaretha Geertruida Zelle entrou para a história como a dançarina Mata Hari. Conhecida do então cônsul da Alemanha na Holanda, Karl Kramer, ela acabou aceitando, em 1916, ser espiã para os alemães, motivada por suas dificuldades financeiras. Sob o codinome "H21", ela viajou o mundo seduzindo generais das forças inimigas. Pouco tempo depois, o chefe do serviço secreto francês, Georges Ladoux, recrutou Mata Hari para o serviço de inteligência do país. O combinado era que ela receberia 25 mil francos por cada agente inimigo que entregasse. Assim, Mata Hari, começou sua carreira de agente dupla. Os franceses, entretanto, desconfiaram da lealdade da holandesa, e um telegrama interceptado da Alemanha destruiu sua carreira. Mata Hari foi julgada nos dias 24 e 25 de julho de 1917. Em 15 de outubro do mesmo ano, um pelotão de fuzilamento com 12 homens executou a espiã.
Juan Pujol Garcia: papel decisivo no Dia D
O catalão Juan Pujol Garcia criou uma identidade falsa para atuar como um suposto oficial do governo espanhol pró-nazismo e tornou-se um convincente agente alemão durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido como Alaric Arabel. Mas, na realidade, ele servia à Grã-Bretanha sob o codinome Garbo. O agente, originalmente um criador de aves de Barcelona, enviou mais de 300 relatórios falsos para os nazistas, que o viam como uma confiável fonte de informação. Até o último momento, Garbo fez com que os generais alemães acreditassem que o ataque dos Aliados no chamado Dia D não aconteceria na Normandia, mas sim no Canal da Mancha, bem mais para o leste, perto de Calais. Três dias depois de os primeiros soldados dos Aliados terem desembarcado na Normandia, as forças alemãs ainda estavam focadas em defender Calais. Adolf Hitler inclusive impediu que duas divisões de tanques rumassem de Calais para a Normandia. Uma decisão fatal para os nazistas, graças a Garbo.
Cambridge Five: em ambos os lados da Cortina de Ferro
Enquanto o agente duplo Garbo fornecia informações da Alemanha aos britânicos, havia quem fizesse o caminho inverso. O Cambridge Five (Cinco de Cambridge, em português) era um grupo de espiões que atuava no serviço secreto britânico MI5 a serviço do homólogo soviético (KGB). Kim Philby, Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e, supostamente, John Cairncross foram recrutados pelo KGB na década de 1930, durante seus estudos em Cambridge. Durante a Segunda Guerra Mundial, eles forneceram à União Soviética informações sobre as estratégias de guerra dos Aliados. Também foram responsáveis pelo vazamento de dados importantes durante a Guerra Fria. Mais tarde, Philby, Burgess e Maclean fugiram para a União Soviética. Blunt, no entanto, permaneceu na Grã-Bretanha, onde se tornou professor de arte e diretor da galeria de arte real, já que recebeu imunidade após uma confissão detalhada.
Denis Donaldson: terrorista norte-irlandês a serviço dos britânicos
Denis Donaldson, natural da Irlanda do Norte, foi um informante do Serviço de Inteligência Britânico, MI5, nos anos 1980 e 1990. Ao mesmo tempo, Donaldson também trabalhava para o Exército Republicano Irlandês, o IRA, e o movimento político Sinn Féin, que não suspeitavam do trabalho do agente para o MI5. Ele juntou-se ao IRA, organização terrorista contra a ocupação britânica da Irlanda do Norte, aos 16 anos. Mais tarde, supostamente por conta de uma chantagem que prometia tornar públicos seus casos extraconjugais, Donaldson foi recrutado pelo Serviço de Inteligência Britânico como informante. Em 4 de abril de 2006, o norte-irlandês foi encontrado morto a tiros na Irlanda do Norte. Um ano antes, seu trabalho como agente duplo havia vindo à tona. As circunstâncias exatas de sua morte nunca foram esclarecidas, com vários suspeitos ligados ao IRA e ao Sinn Féin.
Walter Barthel: espionagem entre Alemanha Oriental e Ocidental
Também já houve casos de agentes duplos dentro da Alemanha. O jornalista Walter Barthel vivia em Berlim Ocidental e, em 1958, começou a espionar para a polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi. Uma de suas tarefas era estabelecer contato com Heinz Lippmann, ex-funcionário da Juventude Livre Alemã (FDJ, na sigla em alemão), que havia fugido da Alemanha Oriental para a Ocidental. Ele também trabalhou por três anos como editor da revista Der dritte Weg (A Terceira Via) que defendia uma alternativa para o socialismo soviético e o capitalismo ocidental. O objetivo da publicação era aproximar a esquerda enfraquecida da Alemanha Ocidental da causa socialista da Alemanha Oriental. Barthel morreu em 2003 sem ter sofrido nenhuma consequência por suas atividades a serviço do governo dos dois lados.