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AI: Militares causaram mais de 8 mil mortes na Nigéria

4 de junho de 2015

Anistia Internacional denuncia violação de direitos humanos por parte do Exército nigeriano durante a campanha contra o grupo Boko Haram. Muitos teriam sido detidos e morrido de fome ou em decorrência de tortura.

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Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

Mais de 8 mil pessoas morreram sob custódia do Exército da Nigéria na campanha contro o grupo extremista Boko Haram, disse a Anistia Internacional (AI) nesta quarta-feira (03/06). Muitos prisioneiros foram executados, e outros morreram de fome, em decorrência de tortura ou por falta de assistência médica.

O relatório de 133 páginas divulgado pela organização de direitos humanos se baseou em entrevistas com quase 400 fontes, incluindo testemunhas, vítimas e membros do Exército, além de fotos e vídeos.

O grupo Boko Haram vem liderando há seis anos uma insurgência com o objetivo de estabelecer um califado islâmico no nordeste da Nigéria, tendo deixado milhares de mortos e 1,5 milhão de deslocados.

Um esforço militar conjunto da Nigéria, do Chade e de Camarões foi responsável pela retomada de grande parte do território que havia sido conquistado pelo Boko Haram. No entanto, a AI suspeita que os militares nigerianos tenham cometido crimes de guerra durante a campanha contra o grupo islamista.

A organização disse que o Exército da Nigéria deteve milhares de homens e meninos durante investidas contra bastiões do Boko Haram. Acredita-se que mais de 1,2 mil pessoas tenham sido executadas extrajudicialmente durante as incursões. Outras teriam morrido sob custódia do Exército depois que os parentes não pagaram suborno aos militares. Ao menos outros 7 mil morreram de fome ou em consequência de doença em celas superlotadas.

"As centenas de corpos não identificados, a evidência de valas comuns e as histórias angustiantes de fome e abuso que estão vindo à tona nas casernas militares do país demandam nada menos que uma investigação urgente e que os responsáveis sejam encaminhados à Justiça", disse Salil Shetty, secretário-geral da AI.

O Exército nigeriano negou as alegações da Anistia Internacional e acusou a organização. "O Exército da Nigéria não encoraja ou tolera a violação de direitos humanos. Nenhum caso provado ficará impune", disse o major-general Chris Olukolade em comunicado.

LPF/afp/rtr