Airbnb retira hospedagens em assentamentos na Cisjordânia
20 de novembro de 2018O site de aluguel temporário de casas e quartos Airbnb anunciou nesta segunda-feira (19/11) que não oferecerá mais seus serviços em assentamentos israelenses na Cisjordânia. A decisão provocou duras críticas em Israel.
A empresa americana afirmou que a decisão afeta cerca de 200 propriedades "na Cisjordânia ocupada, que está no centro da disputa entre israelenses e palestinos".
A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) saudou a decisão da Airbnb e apelou ao site Booking.com – outra plataforma de intermediação de hospedagens – para seguir o exemplo. "Booking.com e outras empresas ajudam a perpetuar um regime discriminatório na Cisjordânia ao prosseguirem com suas atividades no território", afirmaram a HRW e a organização não governamental israelense Kerem Navot.
O ministro do Turismo de Israel, Yariv Levin, chamou a decisão da empresa americana de "a mais miserável das capitulações deploráveis aos esforços de boicote" e afirmou que o ministério começou a preparar medidas imediatas para limitar as atividades da Airbnb em Israel.
Segundo ele, o governo estaria disposto a apoiar ações judiciais de proprietários de imóveis afetados contra a Airbnb em tribunais americanos.
O Conselho Yesha, que representa colonos israelenses, acusou a Airbnb de se tornar um site político e afirmou que a decisão da empresa "é o resultado do antissemitismo ou da capitulação ao terrorismo, ou ambos".
Grupos palestinos e de direitos humanos há muito tempo pediam à Airbnb para remover as ofertas de residências em assentamentos de seu site. Waleed Assraf, chefe de um grupo palestino contrário aos assentamentos, elogiou a medida e afirmou que, se mais empresas seguissem o exemplo, contribuiriam para a paz.
Já o alto funcionário palestino Saeb Erakat afirmou que era "crucial para o Airbnb seguir a posição do direito internacional de que Israel é a potência ocupante e que os assentamentos israelenses na Cisjordânia, incluindo a ocupada Jerusalém Oriental, são ilegais e constituem crimes de guerra".
Há dois anos foi aberto o debate sobre as ofertas nos assentamentos, que provocaram grandes protestos de movimentos pró-Palestina e defensores dos direitos humanos. Eles denunciaram que alguns turistas desconheciam que seu destino estava em território ocupado porque a página registrava o local como Israel e que isso ajudava no crescimento econômico dos assentamentos, um dos principais empecilhos para conseguir a paz entre israelenses e palestinos.
Cerca de 500 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental – áreas que também abrigam mais de 2,6 milhões de palestinos.
A Cisjordânia está sob ocupação de Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, mas a maioria dos países considera os assentamentos judeus ilegais pelo direito internacional. Os palestinos reivindicam a Cisjordânia para seu futuro Estado, junto com Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza.
PV/efe/lusa/rtr/afp/ap
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