Alemães são os mais resistentes ao populismo na Europa
23 de novembro de 2016Uma pesquisa feita pelo instituto britânico YouGov em novembro mostra que a Alemanha é o país menos receptivo ao populismo entre as grandes nações da Europa. De acordo com o estudo, feito em 12 países europeus, apenas 18% dos alemães expressam simpatia por ideias populistas. Na França, essa percentagem chega a 63%.
Em oito dos 12 países pesquisados observou-se que mais de 47% dos eleitores são receptivos ao populismo. Segundo o levantamento, os países onde a simpatia por ideias populistas é maior são a Romênia, com 82% da população favorável, e a Polônia, com 78%.
"Enquanto em muitos países europeus, sobretudo na França, há uma tendência crescente de apoio a correntes populistas autoritárias, a Alemanha mostra ser o país mais resistente ao populismo", afirmou Joe Twyman, diretor do departamento de pesquisas sociais e políticas do YouGov, ao jornal alemão Die Welt, que divulgou o estudo.
No levantamento, a Lituânia apresentou taxa de 0% de apoio ao populismo. Mas, entre as grandes nações europeias, a Alemanha é a mais resistente a ideias populistas.
O estudo observou que a maior parte dos alemães que se mostraram favoráveis ao populismo tem mais de 60 anos (30%), escolaridade de nível médio (57%) e são homens (65%). Na Alemanha, os simpáticos ao populismo são quase que exclusivamente inclinados a movimentos de direita, como o representado pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD).
São estas as percentagens de apoio ao populismo entre a população, segundo a pesquisa do YouGov:
Romênia: 82%
Polônia: 78%
França: 63%
Holanda: 55%
Finlândia: 50%
Dinamarca: 49%
Reino Unido: 48%
Itália: 47%
Suécia: 35%
Espanha: 33%
Alemanha: 18%
Lituânia: 0%
O conceito de populismo é complexo e abrange tanto a direita como a esquerda. "Trump, Brexit e Alternativa para a Alemanha (AfD) são todos galhos da mesma árvore", diz a pesquisa. Porém, os apoiadores do populismo compartilham alguns posicionamentos, como a rejeição à União Europeia (UE), as críticas aos fluxos migratórios em seus países e o ceticismo em relação aos direitos humanos, além da preferência por políticas externas fortemente voltadas aos interesses nacionais.
Exemplos recentes do fortalecimento de tendências populistas na Europa podem ser vistos no Reino Unido, com o Brexit liderado pelo Partido Independente do Reino Unido (Ukip), e também na França, com a popularização do partido de extrema direita Frente Nacional, até mesmo em regiões tradicionalmente mais inclinadas à esquerda. No caso francês, segundo o levantamento, há um sentimento generalizado de que a França saiu perdendo com a globalização. Já na Alemanha, diz a pesquisa, esse tipo de pensamento é raro.
Na leitura dos pesquisadores envolvidos no estudo, os eleitores simpáticos ao populismo estão espalhados entre vários partidos, de esquerda e de direita. Essa tendência aponta para consequências importantes em eleições futuras. Segundo conclusão da pesquisa, mesmo que um partido ou candidato não seja expressamente um populista, pode se valer de ideias simpáticas a esses eleitores para conseguir votos. "Está claro que essa massa de eleitores simpáticos a movimentos populistas autoritários vai exercer influência significativa nas decisões dos países", afirma o estudo.
Apesar de os alemães serem menos suscetíveis ao populismo, o apoio geral da população à União Europeia está caindo. De acordo com outra pesquisa de opinião também conduzida pelo YouGov, 53% dos alemães associam o temor de perder sua segurança com a UE. Outros 45% acreditam que o bloco enfraquece a identidade nacional e cultural dos países-membros.
NT/ots