Alemanha acolhe americanos feridos no Iraque
3 de novembro de 2003A bordo do avião do tipo C-17, que pousou em Ramstein na manhã desta segunda-feira (3/11), estavam 30 feridos nos mais recentes atentados e ciladas contra as tropas americanas no Iraque. Entre eles, 18 soldados que tinham sido passageiros do helicóptero "Chinook", abatido por um míssil iraquiano no domingo, em Faludja. A mesma aeronave transportava também os corpos dos 16 soldados americanos mortos no mesmo atentado.
Segundo Marie Shaw, porta-voz do hospital de Landstuhl, nove pacientes foram transferidos de imediato para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outros cinco também são portadores de ferimentos graves. O atentado contra o helicóptero foi o mais grave desde o fim oficial das hostilidades no Golfo. Em 1º de maio passado, o presidente americano George W. Bush declarou a guerra do Iraque como encerrada.
Alemães ameaçados
Os atentados no Iraque, cada vez mais freqüentes, também são motivo de preocupação do governo alemão em relação à segurança dos especialistas enviados para colaborarem na reconstrução do país. Desde o dia 17 de setembro encontram-se no Iraque quatro peritos da organização estatal alemã Technisches Hilfswerk (THW), de apoio e assistência no caso de catástrofes, com a missão de orientar a reconstrução do abastecimento de água potável.
Segundo a revista Der Spiegel, o governo de Berlim decidiu agora enviar integrantes da tropa de elite GSG-9, com a missão de proteger os peritos alemães. A medida suscitou, contudo, reação negativa da oposição democrata-cristã, que exige uma participação do Parlamento na decisão de enviar agentes da GSG-9 ao exterior. O vice-líder da bancada parlamentar da CDU (União Democrática Cristã), Wolfgang Bosbach, ressaltou que a missão é "sem dúvida sensata", mas necessita de uma "base legal", com descrição exata das competências dos agentes enviados ao Iraque.
Ajuda alemã ao Iraque
As declarações da assessora do presidente americano para questões de segurança, Condoleezza Rice, que acusou a Alemanha e a França de se recusarem a cooperar na reconstrução do Iraque, foram recebidas com incompreensão em Berlim. Rice perguntara até quando o futuro do povo iraquiano continuará sendo prejudicado pelas "divergências de opinião que tivemos alguma vez".
Segundo o deputado social-democrata Gernot Erler, a Alemanha já destinou quase 200 milhões de euros para a reconstrução do Iraque. Não haveria justificativa, a seu ver, para a pressão do governo americano em busca de maior ajuda: "Não conheço nenhum projeto no Iraque que esteja à espera de financiamento."
Para Gernot Erler, as declarações da assessora para questões de segurança visam apenas melhorar a imagem da Casa Branca junto à opinião pública nos EUA: "Condoleezza Rice pode buscar as justificativas que quiser, mas o principal problema no Iraque atualmente não é o dinheiro, mas sim a situação da segurança e a falta de perspectivas."