Alemanha acusa ativistas do clima de 580 delitos
11 de junho de 2023O governo alemão registrou 580 delitos cometidos pelo grupo de ativismo do clima Letzte Generation (Última Geração), que tem procurado chamar a atenção para a problemática por métodos de protestos controversos – como grudar-se ao asfalto ou cimento das ruas usando cola instantânea.
A maioria dos delitos registrados envolve coerção e danos à propriedade. Desde o começo de 2022, "740 indivíduos chamaram a atenção da polícia", afirmou a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, na edição deste domingo (11/06) do semanário Bild am Sonntag. Ela defendeu a intervenção policial, frisando que ativistas não estão acima da lei e não podem "violar os direitos alheios".
Os membros do Letzte Generation contra-argumentam que seus próprios direitos estão sendo violados por companhias, autoridades e indivíduos que deixem de tomar as medidas necessárias para proteger o meio ambiente, aumentando assim a probabilidade de catastróficos efeitos futuros das mudanças climáticas.
Segundo Faeser, contudo, os métodos do grupo "não ajudam em absoluto na proteção climática", pelo contrário: os ativistas estariam causando "danos maciços" à própria capacidade de serem aceitos ou de conscientizar o público.
Última Geração, empresa criminosa?
Considerando-se a última geração humana antes de as mudanças climáticas atingirem o ponto sem retorno, o Letzte Generation exige que Berlim aja mais rápido e formule um plano para cumprir a meta internacional de limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Ele tem feito manchetes, por exemplo, com bloqueios de trânsito, em que os participantes colaram as mãos nas ruas, ou ao jogar sopa e tinta em quadros famosos – embora sem causar danos diretos, por as obras de arte estarem protegidas por vidro ou plástico.
Na quinta-feira, um de seus integrantes foi multado em 400 euros (R$ 2.100) por danos à propriedade no contexto de uma manifestação no Auditorium Maximum (Audimax) da Universidade de Hamburgo. Na véspera, na ilha de Sylt, no Mar do Norte, seus manifestantes cobriram totalmente um jato particular de tinta cor-de-laranja.
Em maio, a polícia alemã realizou batidas a diversos locais relacionados ao grupo ambientalista, por suspeita de estarem ajudando a financiar uma empresa criminosa.
av (AFP,DPA)