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Alemanha alerta contra "nacionalismo de vacina"

26 de outubro de 2020

Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier diz que países precisam ter espírito de colaboração e evitar o egoísmo na luta contra o coronavírus. "Ninguém está a salvo da covid-19 até que todos estejamos a salvo."

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“A covid-19 desafia a nós todos. O vírus desconhece fronteiras", afirmou o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier
“A covid-19 desafia a nós todos. O vírus desconhece fronteiras", afirmou o presidente da Alemanha, Frank-Walter SteinmeierFoto: Soeren Stache/AFP

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, lançou um apelo aos países de todo o globo para que trabalhem juntos e evitem o egoísmo no que diz respeito à luta internacional contra o coronavírus. 

Steinmeier, em mensagem de vídeo na abertura da Conferência Mundial de Saúde em Berlim, neste domingo (26/10), alertou para o que chamou de "nacionalismo de vacina". 

"Ninguém está a salvo da covid-19 até que todos estejamos a salvo. Mesmo os que vencerem o vírus dentro de suas fronteiras permanecerão prisioneiros dentro das mesmas fronteiras, até que a doença seja derrotada em toda parte."

"Se não quisermos viver em um mundo pós pandemia onde o princípio do ‘todos contra todos e cada um por si’ ganhe ainda mais terreno, precisamos então da luz da razão de nossas sociedades e governos", disse o presidente alemão.

Ele ressaltou que a rápida disseminação do vírus resultou em uma enorme mobilização de recursos em todo o mundo e um maior espírito de engenhosidade. Entretanto, a tendência das nações de reservarem grandes quantidades de vacina para suas próprias populações deverá se provar contraproducente.

Steinmeier defendeu a cooperação internacional para que seja possível lidar com a pandemia de um modo mais eficiente. "A covid-19 desafia a nós todos. O vírus desconhece fronteiras. É indiferente à nacionalidade de suas vítimas. Continuará a superar todas as barreiras no futuro se não o confrontarmos juntos. Frente ao vírus, somos, sem dúvida, uma comunidade internacional. Mas a pergunta é: somos capazes de agir como tal?"

O presidente alemão chamou a atenção, em particular, aos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, com mais de 225 mil mortes e mais de 8,6 milhões de casos. Ele pediu que Washington se una à iniciativa Covax, que apoia a produção e a futura distribuição internacional de vacinas contra o coronavírus. O Brasil, por sua vez, confirmou sua adesão em setembro.

"Nenhum país até agora vem fracassando em seus esforços como os Estados Unidos", disse. "Eu, portanto, apelo ao próximo governo dos EUA, seja que for a partir de 20 de janeiro, que se junte à iniciativa Covax."

A opinião de Steinmeier foi corroborada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. "Os países desenvolvidos devem apoiar os sistemas de saúde das nações com escassez de recursos", afirmou. “A pandemia de covid-19 é a grande crise de nossa era.”

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que a única maneira de nos recuperarmos da pandemia é assegurar que aos países mais pobres o acesso justo à vacina. 

Através do Twitter, ele declarou apoio à posição expressada pelo presidente da Alemanha. "Espero que o mundo ouça o apelo do presidente Frank-Walter Steinmeier por solidariedade global para pôr fim à pandemia de covid-19", escreveu.  

Em mensagem de vídeo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, disse que a União Europeia (UE) tem o dever de desempenhar papel de liderança na batalha contra o coronavírus. 

"Acredito se tratar de um teste para a verdadeira união global de saúde. A necessidade de liderança é clara, e acredito que a UE deve assumir essa responsabilidade", afirmou Von der Leyen.

Dezenas de potenciais vacinas estão sendo testadas clinicamente, sendo que dez já chegaram à fase 3, a mais avançada. A UE, o Reino Unido, o Japão e uma série de outras nações já confirmaram pedidos de grandes quantidades às empresas envolvidas. 

Em todo o mundo, mais de 43 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus, que já fez mais de 1,1 milhão de vítimas.

RC/dw