Violência no Tibete
15 de março de 2008"Uma solução duradoura para a questão do Tibete só pode ser encontrada através de um diálogo pacífico e direto entre o governo chinês e o Dalai Lama", disse a chanceler federal Angela Merkel em nota divulgada neste sábado (15/03) pelo porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm.
Merkel considerou "importante que os manifestantes, assim como a polícia, sejam chamados à moderação e que os direitos individuais sejam respeitados". A Alemanha continuará se engajando pela autonomia religiosa e cultural para o Tibete, mas é igualmente a favor da política de "uma só China, que rejeita qualquer objetivo separatista", prossegue a nota divulgada em Berlim. "A violência, independentemente de que lado vem, não conduzirá a soluções para os problemas", anunciou a chanceler federal alemã, que mantém laços estreitos com o Dalai Lama. Ela apelou para que tanto manifestantes como forças de segurança chinesas demonstrem moderação e que respeitem os direitos individuais.
O Dalai Lama, líder espiritual tibetano e visto como um separatista pelo governo chinês, havia sido recebido por Merkel em 2007, o que causou um esfriamento temporário nas relações de Pequim com Berlim.
Maior protesto em quase 20 anos
Os protestos violentos, envolvendo incêndios e tiros, em Lhasa, a capital tibetana, encerraram uma semana de manifestações contra os mais de 50 anos de domínio chinês. Os protestos são considerados os maiores e mais violentos desde 1989.
A agência estatal chinesa de notícias Xinhua admitiu que pelo menos dez pessoas perderam a vida nos protestos, que acontecem a cinco meses do início dos Jogos Olímpicos em Pequim.
Já o governo tibetano no exílio afirmou neste sábado que o número de mortos nos distúrbios ésuperior a 30. O governo no exílio, que tem base na Índia, solicitou a instauração de um inquérito da ONU sobre os atos de violência.
A administração regional chinesa culpa o Dalai Lama pelas manifestações. Um porta-voz do líder espiritual refutou as acusações, considerando-as infundadas. O Dalai Lama pediu moderação aos tibetanos e solicitou ao governo chinês que "pare de usar a força e inicie um diálogo com o povo tibetano para minimizar os ressentimentos".
O presidente do Comitê Olímpico internacional, Jacques Rogge, ameaçou com boicote aos Jogos Olímpicos em Pequim. A comissária de direitos humanos da ONU, Louise Arbour, exigiu do governo chinês que respeite o direito à liberdade de reunião dos manifestantes.
Reações da União Européia
Em um comunicado conjunto, na sexta-feira os chefes de governo da União Européia (UE) haviam exigido a libertação dos manifestantes presos. "Pedimos que os direitos humanos sejam respeitados. Há uma condenação bastante contundente vinda de todos, do Conselho Europeu e dos 27 países-membros [da União Européia]", salientou o ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, após o encontro de cúpula da UE em Bruxelas.
O apoio ao movimento pela autonomia do Tibete não se dá apenas em nível governamental na Alemanha. Segundo a Iniciativa Tibete na Alemanha, cerca de 920 cidades e vilarejos alemães haviam hasteado a bandeira do Tibete em suas representações municipais na última segunda-feira, dia do 49º aniversário da insurreição tibetana contra a China.