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Alemanha busca recuperar tempo perdido com Cuba

Astrid Prange (md)16 de julho de 2015

Visita de Steinmeiner tenta estabelecer maior cooperação com país latino-americano. Porém, desde o início da reaproximação com os EUA, o interesse na ilha caribenha cresceu. E Berlim pode ter chegado tarde demais.

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Steinmeier com guia turístico no centro histórico de HavanaFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Mais de 25 anos após a queda do Muro de Berlim, uma sombra da Guerra Fria ainda paira sobre as relações entre Alemanha e Cuba. Em termos de intercâmbios políticos, econômicos e culturais entre Berlim e Havana, há, de fato, uma grande demanda reprimida.

Mas de acordo com informações do Ministério do Exterior alemão, o ministro Frank-Walter Steinmeier vai agora iniciar uma mudança de rumo. Durante sua visita a Cuba, iniciada nesta quinta-feira (16/07), ele quer "intensificar as discussões" sobre a instalação de um escritório econômico alemão e abordar o início das negociações sobre um acordo cultural bilateral.

É a busca do tempo perdido. Já em março deste ano, a chefe de política externa da União Europeia, Frederica Mogherini, havia viajado para conversações em Cuba. Em meados de abril, parlamentares alemães especializados em cooperação econômica e desenvolvimento desembarcaram na ilha. E, em maio, o presidente francês, François Hollande, se encontrou com os irmãos Castro.

"A Europa deve se esforçar para desempenhar novamente um papel maior na América Latina", diz o deputado social-democrata alemão Klaus Barthel, acrescentando que as reformas econômicas em 2012 em Cuba foram pouco percebidas na Alemanha e na Europa. "Os Estados Unidos foram mais rápidos. Aqui, na Europa, muitos dormiram no ponto", opina.

"Se o embargo dos EUA fosse suspenso, poderíamos finalmente competir francamente com outros destinos no Caribe e mostrar nossa força", afirmou o ministro do Turismo cubano, Manuel Marrero, em entrevista à DW.

E, claro, o país poderá receber turistas americanos. Cerca de três milhões de visitantes estrangeiros vão a Cuba anualmente, a maioria deles da Europa. A indústria turística vive um boom atualmente. A cadeia hoteleira espanhola Meliá acaba de abrir em Havana uma nova unidade, com 600 camas.

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Ministro do Exterior cubano, Bruno Rodriguez Parrilla, e Steinmeier, em encontro em Bruxelas em junho de 2015Foto: AFP/Getty Image/E. Dunand

Tirando o setor turístico, no entanto, as relações econômicas alemãs e europeias com Cuba são modestas. De acordo com o Ministério do Exterior alemão, a Alemanha exportou para Cuba em 2014 bens no valor de 191 milhões de euros. As importações provenientes de Cuba para a Alemanha alcançaram apenas 33 milhões de euros.

Em comparação, todas as importações para Cuba somaram em 2013 cerca de 13 bilhões de dólares. A China exportou, de acordo com a agência de comércio da ONU, bens no valor de 1,3 bilhão dólares. As exportações brasileiras chegaram a 528 milhões.

O mais importante parceiro comercial de Cuba ainda é, de longe, a Venezuela, mesmo que a relação comercial com Caracas esteja em declínio, por causa da crise econômica no país sul-americano. Em 2012, a Venezuela exportou para Cuba 6 bilhões de dólares, principalmente petróleo.

Know-how da Reunificação

Steinmeier aposta nos aprendizados com a Reunificação alemã para incentivar a reaproximação com Cuba. "Mesmo que tenhamos ideias diferentes sobre democracia, percebemos uma abertura em Cuba, a qual pretendemos acompanhar e apoiar ativamente, e para a qual nós, alemães, com nossas experiências com transformações, podemos oferecer bastante coisa", afirmou, antes de embarcar para Havana.

Organizações que lutam pelos direitos humanos pedem que Steinmeier também aborde essas diferentes concepções de democracia durante sua visita.

"O degelo diplomático de Cuba, até agora, não trouxe flexibilização alguma do controle da mídia e da censura", destaca um comunicado da ONG Repórteres sem Fronteiras. A entidade pede que Steinmeier aproveite a reaproximação com Cuba para chamar a atenção para a situação dos jornalistas e blogueiros presos.

Apenas dias depois da partida do ministro do Exterior alemão deve acontecer em Havana a próxima data histórica, a reabertura da embaixada dos EUA na capital cubana, agendada para segunda-feira (20/07), após mais de cinco décadas de relações rompidas.