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EsporteAlemanha

Estreia alemã na Copa evoca fantasmas de 2018

Jonathan Harding
24 de novembro de 2022

Time de Hansi Flick perde para o Japão em jogo de estreia na Copa do Mundo de 2022. Comparações com a Rússia há quatro anos são inevitáveis.

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Alemanha x Japão durante a Copa do Mundo no Catar em 2022
Kai Havertz, Jamal Musiala e Nico Schlotterbeck decepcionados após partida contra o JapãoFoto: Ulmer/Teamfoto/IMAGO

Primeiro a Fifa, depois o Japão. A Copa do Mundo de 2022 continua a se desdobrar de forma dramática para a Alemanha.

Dois dias depois que o órgão regulador do futebol ameaçou multar a seleção alemã e as de outras nações que usassem a braçadeira One Love, a Alemanha sofreu um revés esportivo ao perder um jogo que era em grande parte dado como ganho.

A situação ficou ainda pior depois que a Espanha, seu próximo adversário na fase de grupos, venceu a estreia por 7 a 0 contra a Costa Rica. Agora, a própria Copa do Mundo está em risco para a Alemanha.

Antes mesmo do pontapé inicial na partida contra o Japão, a Alemanha deu sua última cartada no imbróglio em andamento com a FIFA: para a foto de grupo, os jogadores alemães posaram com a mão sobre a boca, num claro sinal de protesto. Pouco depois, a federação alemã divulgou um comunicado dizendo: "Negar-nos a braçadeira é o mesmo que nos negar a voz".

Durante o jogo, o capitão Manuel Neuer optou por usar a braçadeira "Sem Discriminação", autorizada pela FIFA, mas debaixo da manga da camisa — brincando posteriormente que o motivo de ela estar lá era porque o fabricante não era bom.

Defesa desintegrada

Fora do campo, a Alemanha deixou a sua posição evidente — e o mesmo vale para sua performance em campo durante os primeiros 70 minutos de partida.

Confortável por mais de uma hora e à frente no placar graças ao pênalti cobrado com frieza por Ilkay Gündogan, a Alemanha precisava de apenas mais um gol para garantir os três pontos. Mas, apesar dos esforços de Serge Gnabry, Jamal Musiala, Jonas Hofmann e Gündogan, isso jamais aconteceu, expondo uma já conhecida falta de firmeza no ataque.

A incapacidade da Alemanha de usar Niclas Füllkrug, que saiu do banco de reservas nos últimos 10 minutos, foi um lembrete de quanto tempo se passou desde que a seleção alemã jogou com um camisa 9 adequado. A equipe de Hansi Flick pagou o preço pela leniência no ataque, com uma equipe japonesa eficaz expondo rapidamente suas fraquezas na defesa.

Em 17 partidas sob o comando de Flick, a Alemanha jogou com 12 composições defensivas diferentes. Em cada um dos últimos quatro jogos, o lateral-direito foi diferente. Deficiências na defesa são um problema há bastante tempo, mas a sensação é de que as escolhas e substituições de Flick não estão ajudando.

Alemanha x Japão durante a Copa do Mundo no Catar em 2022
Takuma Asano fica desimpedido graças a Niklas Süle e ultrapassa Nico Schlotterbeck com facilidade antes de disparar contra Manuel NeuerFoto: Dean Mouhtaropoulos/Getty Images

O zagueiro Nico Schlotterbeck, surpresa entre os titulares, deixou o caminho livre para Ritsu Doan marcar o gol de empate e também para Takuma Asano virar o jogo aos 83 minutos.

David Raum, um dos pilares da esquerda sob o comando de Flick, foi instável o tempo todo, e Niklas Süle jogou como um zagueiro fora de posição, abrindo as portas para o segundo gol do Japão ao jogar inexplicavelmente com Asano em vez de contra ele. Os três aguentaram mais do que aproveitaram a tarde em Al-Rayyan e, ao fazer isso, pareceram diluir os esforços do geralmente forte zagueiro Antonio Rüdiger.

"Aquele segundo gol — ninguém sofreu um gol mais fácil na Copa do Mundo", disse Gündogan à emissora ARD depois do jogo.

"Faltou a convicção de segurar a bola na defesa e se colocar à disposição… Quase ficou a impressão de que nem todos queriam a bola.”

"Não consigo entender por que não mantivemos a performance do primeiro tempo", acrescentou o goleiro Neuer. "Estes são princípios básicos que todos que jogam pela Alemanha neste nível devem ter e, como Illy [Ilkay], não consigo entender."

Leon Goretzka se mostrou particularmente abatido depois do jogo, enquanto Joshua Kimmich mal conseguia conter sua raiva. O volante do Bayern de Munique lamentou que a Alemanha tenha mantido o campo aberto. "Tínhamos que aniquilar o adversário.”

Memórias dolorosas da Copa da Rússia

Agora, rumo ao segundo jogo sob imensa pressão e sabendo que uma derrota provavelmente a deixará fora da segunda Copa do Mundo consecutiva na fase de grupos, as comparações com a Copa de 2018 na Rússia são inevitáveis.

"Este é um cenário de horror para nós", admitiu o atacante Thomas Müller. "É semelhante a 2018."

Os problemas são semelhantes, mas o bom desempenho do primeiro tempo continua sendo motivo de otimismo. A Alemanha não foi tão obtusa ou exposta quanto contra o México em Moscou. Além disso, houve muitos sinais positivos de Gündogan e companhia, e particularmente de Musiala, no qual a Alemanha realmente tem um dos jogadores mais promissores do mundo.

Mas o resultado foi o mesmo e isso deixa a Alemanha em apuros. A Copa do Mundo no Catar continua sendo um desafio para a Alemanha em várias frentes.