Alemanha considera excluir Huawei da expansão da rede 5G
18 de janeiro de 2019O governo da Alemanha está debatendo se vai seguir o exemplo de aliados, como Estados Unidos e Austrália, e banir a empresa chinesa de telecomunicações Huawei de participar da expansão e de ter acesso a suas futuras redes de telefonia móvel 5G por questões de segurança.
Alguns países do Ocidente baniram a Huawei de seus mercados depois que autoridades americanas informaram países aliados de que a Huawei estaria às ordens do Estado chinês e alertaram que seus equipamentos de rede podem conter chamadas backdoors (porta dos fundos – método de escapar de uma autenticação ou criptografia num sistema computacional), que poderiam ser usadas para espionagem cibernética.
A empresa chinesa de telecomunicações tem afirmado que tais preocupações e acusações são infundadas. Mas Austrália e Nova Zelândia já excluíram a Huawei da expansão da rede 5G em seus países. Noruega e Polônia estão considerando fazer o mesmo.
Embora nenhum passo concreto tenha sido decidido, o diário alemão Handelsblatt relatou nesta quinta-feira (17/01) que o governo da chanceler federal Angela Merkel estaria considerando ativamente implementar requisitos mais rígidos de segurança e outras formas de excluir a Huawei.
Autoridades alemãs têm discutido criar padrões de segurança que a Huawei não conseguiria alcançar ou fornecer e, dessa forma, bloquear na prática sua participação no desenvolvimento de uma rede 5G no país. Segundo o Handelsblatt, mudanças na legislação alemã de telecomunicações também estão sendo consideradas como último recurso.
Em resposta a um questionamento da parlamentar Katharina Droege, do oposicionista Partido Verde, o Ministério do Interior da Alemanha afirmou que nenhuma decisão foi tomada. "O processo de alcançar um consenso sobre medidas concretas não foi concluído", limitou-se a declarar o ministério.
Indústria rejeita exclusão da Huawei
A expansão da rede 5G é um custoso empreendimento mesmo para a poderosa economia alemã. Em entrevista à DW, o professor de economia de telecomunicações da Universidade de Duisburg-Essen, Torsten Gerpott, afirmou que os custos finais ainda não podem ser previstos, mas estimou o total de investimentos nos próximos 20 anos entre 30 bilhões e 80 bilhões de euros.
Embora a Huawei seja considerada a favorita, ainda não está claro qual empresa ficará responsável pela expansão da rede 5G na Alemanha. Embora a Huawei seja líder no mercado, ela faz parte de um grupo de três concorrentes, ao lado da sueca Ericsson e da finlandesa Nokia. "Estas três compartilham entre 80% e 85% do mercado de equipamentos de rede 5G", disse Gerpott.
A Federação das Indústrias Alemãs (BDI) retrucou que nenhum concorrente deve ser excluído por uma simples suspeita de ameaça à segurança. "Se há alguém que faz tais suposições, então ele também tem o dever de provar essas conjecturas", disse o presidente do BDI, Dieter Kempf.
Além disso, segundo Kempf, a exigência de que nenhuma empresa estrangeira esteja envolvida no projeto é completamente descabida, pois não existe na Alemanha um fabricante nacional de renome e tamanho que consiga prover a dimensão e qualidade necessárias. De acordo com Kempf, as empresas alemãs ficaram para trás.
Batalha por supremacia tecnológica
A Europa se tornou um campo de batalha crucial na disputa comercial entre Pequim e Washington – um duelo que, segundo analistas, pode determinar qual das duas superpotências terá a supremacia tecnológica no século 21.
Nesta quarta-feira, a imprensa dos EUA relatou que Washington iniciou investigações criminais contra a empresa chinesa por suspeita de espionagem. Apenas essa medida já retira a Huawei do mercado de tecnologia e equipamento de rede dos Estados Unidos.
Por causa da suspeita de autoridades americanas, a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, foi detida no Canadá em dezembro. Ela teria violado o boicote comercial estipulado pelo governo americano contra o Irã.
Depois da prisão da empresária, que também é filha do fundador da Huawei Ren Zhengfei, dois cidadãos canadenses foram detidos na China, no que foi considerado uma ação de retaliação por parte de Pequim. Além disso, a sentença de um canadense encarcerado na China por contrabando de drogas foi convertida em pena de morte há alguns dias – ele corre o risco de ser executado.
PV/rtr/dw
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