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Alemanha despede-se do papa

gh6 de abril de 2005

João Paulo II é lembrado como "grande mediador" em réquiem em Berlim. Testamento do papa será aberto nesta quinta-feira e conclave começa dia 18 de abril.

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Núncio apostólico Erwin Ender incensa um retrato do papa durante réquiem em BerlimFoto: AP

Com um réquiem nacional na basílica de São João, em Berlim, a Alemanha despediu-se oficialmente do papa João Paulo II, falecido no último sábado (02/04). As principais lideranças da sociedade, do governo e da oposição, que participaram da cerimônia, viajarão juntas num avião das Forças Aéreas para o enterro do sumo pontífice, na sexta-feira (08/04) no Vaticano.

O "réquiem pontifical" em Berlim foi concelebrado pelo núncio apostólico (embaixador) do Vaticano na Alemanha, arcebispo Erwin Josef Ender, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos da Alemanha, cardeal Karl Lehmann, e o arcebispo de Berlim, cardeal Georg Sternzinsky.

Participaram da missa, entre outros, o chanceler federal Gerhard Schröder e o ex-premiê alemão Helmut Kohl, líderes dos partidos e sindicatos, bem como o presidente do Conselho da Igreja Evangélica Alemã (EKD), Wolfgang Huber. Entre os fiéis encontravam-se também muitos católicos poloneses que vivem na capital alemã.

Responsável pelo "entorpecimento interno"

Der Vorsitzende der Deutschen Bischofskonferenz, der Mainzer Kardinal Karl Lehmann
Cardeal Karl Lehmann criticou papa pelo "entorpecimento interno na Igreja Católica"Foto: AP

O cardeal Karl Lehmann lembrou "o empenho incansável do papa pela liberdade, a solidariedade e a paz. Ele enfrentou a potência mundial dos EUA, lutou pela pacificação do Oriente Médio e combateu o terrorismo internacional. Foi literalmente um pontifex maximus – um construtor de pontes", disse.

Lehmann criticou, no entanto, que o papa, "apesar de sua abertura para o mundo, foi responsável pelo entorpecimento interno da Igreja Católica. Isso tem a ver com o passado de Karol Wojtyla, para quem a unidade e a disciplina eram condições indispensáveis à sobrevivência da Igreja em regimes ditatoriais. Para nós, filhos de uma sociedade pluralista e de tendência individualista, essa não é uma mensagem fácil", avaliou.

Conclave sem "cardeal secreto" começa dia 18

O colégio de cardeais da Igreja Católica decidiu, nesta quarta-feira (06/04), que o conclave para a escolha do sucessor de João Paulo II vai começar no próximo dia 18 de abril, respeitando um prazo de nove dias após o enterro de João Paulo II, informou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls.

Ele também antecipou que o testamento deixado pelo Santo Padre será divulgado publicamente nesta quinta-feira em italiano e polonês, mas não contém o chamado "cardeal secreto", um nome escolhido pessoalmente pelo papa para participar do conclave.

Zeltlager für Papst-Pilger in Rom
Voluntários preparam abrigos provisórios para fiéis que chegam para o enterro do papaFoto: dpa

À medida em que se aproxima o dia do enterro, as filas em direção à basílica de São Pedro, onde está sendo velado o corpo do papa, tornam-se cada vez mais longas. Desde a noite de segunda-feira (04/04), ao menos 1,2 milhão de pessoas já se despediram do papa. Nesta quarta-feira, houve uma verdadeira invasão de poloneses em Roma. Muitos peregrinos chegaram a desmaiar de cansaço.

Juventude de luto

Pilger vor dem Petersdom
Multidão na Praça de São PedroFoto: AP

Boa parte da multidão que chega ao Vaticano é de jovens, que foram atraídos por João Paulo II, apesar de sua linha conservadora. Eles estão de luto não só na Praça de São Pedro, mas também na Alemanha. "O papa sempre apostou nos jovens e dizia claramente: Vocês não são só o futuro do mundo e da Igreja e, sim, já ajudam a construir o presente", disse o padre responsável pela pastoral da juventude na arquidiocese de Munique e Freising, Klaus Hofstetter.

João Paulo II foi idealizador da Jornada Mundial da Juventude, o maior movimento católico jovem das últimas décadas, que reuniu milhões de pessoas em diversos países. O próximo encontro do gênero está previsto para 15 a 21 de agosto de 2005, em Colônia. Especula-se, por isso, que o novo papa fará sua primeira viagem internacional à Alemanha.