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Economia verde

24 de novembro de 2011

As energias renováveis serão decisivas para a economia mundial na era pós-combustíveis fósseis. A Alemanha parece ter entendido isso e a China, o maior "pecador ambiental" do planeta, também repensa o assunto.

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China: grandes invstimentos em energia eólicaFoto: picture alliance / Wang bichun - Imaginechina

A China é hoje o maior emissor de CO2 no mundo. A necessidade energética de 1,4 bilhão de pessoas, em constante crescimento, é saciada sobretudo com combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Ao mesmo tempo, a China investe intensamente nas energias renováveis – no ano de 2010, foram 49 bilhões de dólares destinados ao setor.

A China é a número um do mundo em termos de investimentos em energia eólica e nenhum outro país aplica tantos recursos nas energias renováveis. O propósito por trás disso não é apenas a vontade de aplainar os efeitos das mudanças climáticas, mas acima de tudo interesses econômicos e vantagens sobre a concorrência, acredita Dirk Messner, diretor do Instituto Alemão de Política de Desenvolvimento e vice-presidente do conselho científico do governo federal para questões ambientais.

A Alemanha também conduz, através de um ambicioso programa, uma mudança em termos de política energética. Enquanto a China vê a energia nuclear como solução transitória, com várias usinas em planejamento, o governo alemão, depois de Fukushima, optou por abandonar paulatinamente a energia atômica.

Hoje, um quinto da eletricidade produzida na Alemanha provém de energias renováveis. "Mas ainda há possibilidades de expansão", diz Messner. Ele pleiteia, até 2050, um planeta no qual até 85% do abastecimento mundial provenham apenas de combustíveis não fósseis. "A energia nuclear não poderá fazer parte deste quadro, em função dos riscos. Temos que ter energia eólica, solar e  geotérmica", acentua o especialista.

"Possível produzir mais"

A boa notícia, segundo os relatórios dos pesquisadores, é que essa mudança é, do ponto de vista financeiro, viável. "Tudo isso principalmente porque começamos hoje com os investimentos – não somente na Alemanha, mas em todo o mundo", analisa Messner. Agora, nessa fase inicial, os investimentos são relativamente altos, diz. No entanto, mais tarde os custos com a energia vão ser mais baixos, porque o sol e o vento não custam nada. Por isso, os assessores científicos do governo alemão recomendam hoje uma mudança na política de incentivos financeiros, que apoie um abastecimento verde e não prejudicial ao ambiente.

Dirk Messner
Dirk MessnerFoto: picture-alliance/ dpa

Mas não são só as mudanças climáticas que impulsionam a transformação rumo a uma economia verde. Quanto mais complexos os procedimentos para extrair petróleo e carvão, tanto mais caros eles ficam. Ao mesmo tempo, há um número cada vez maior de pessoas tendo que ser abastecidas com cada vez mais energia. A população mundial cresce e o número de consumidores de energia também. Resultado: os combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento da Terra, estão ficando mais raros, mais caros e menos confiáveis.

As mudanças climáticas vão também causar tumultos políticos e sociais, prevê Neil Morisetti, contra-almirante da Royal Navy e encarregado de clima e segurança energética do governo britânico. Ou seja, as mudanças climáticas não surtem somente efeitos no meio ambiente e na evolução do planeta, mas também sobre a estabilidade global e interesses nacionais. Moretti chama as mudanças climáticas de "fatores adicionais de estresse" em determinadas regiões do mundo, "nas quais, hoje, se luta contra problemas de saúde, nutrição e abastecimento de água, além de desafios demográficos".

A meta: uma economia cíclica

Também outras matérias-primas estão se tornando escassas – e os custos estão aumentando, à medida que a matéria-prima vai se tornando menos acessível. É por isso que não basta continuar ampliando o uso das energias renováveis. É preciso lidar com os recursos com parcimônia, produzindo mais com menos energia e procurando obter matérias-primas de materiais usados. Como por exemplo através da reciclagem. Algo que a natureza já nos ensina. Nela, não há lixo, argumenta Achim Steiner, diretor do programa ambiental das Nações Unidas (Pnuma).

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Achim Steiner, diretor do programa ambiental da ONUFoto: picture-alliance/ dpa

Ele defende uma maior eficiência e menos resíduos como princípio econômico. "Os chineses chamam esses princípio de economia circular e o Japão já usa o princípio 'produzir, reciclar, reutilizar' há muito tempo. Essas formas de pensamento não são novas; nós só precisamos torná-las economicamente atraentes", explica Steiner.

Através de seu programa de reciclagem de embalagens, o governo alemão já demonstrou que a reciclagem pode ser atraente do ponto de vista financeiro. O setor econômico alemão economiza 3,5 bilhões de euros por ano com o reaproveitamento de materiais, poupando, assim, o meio ambiente e o clima. Este também é um estímulo em prol da virada rumo a uma economia global verde. Pois a mudança em relação à energia e à matéria-prima não vai ocorrer por causa do idealismo ou da convicção de alguns, mas sim em função das necessidades e das obrigações econômicas.

Autora: Helle Jeppesen (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer