Alemanha enfrenta EUA certa de que chegará à final
20 de junho de 2002Antes mesmo de a bola rolar em Ulsan (Coréia do Sul), a Seleção Alemã já considera a partida de quartas-de-final contra os EUA assunto do passado. A confiança numa vitória é tanta, que jogadores, comissão técnica e dirigentes só falam agora na volta da Alemanha aos quatro melhores do mundo e na grande oportunidade de se chegar à final, após 12 anos de espera.
"Seria fatal desprezar levianamente esta incrível chance. Agora percebemos a oportunidade que temos nas mãos", afirma o técnico Rudi Völler. Se antes do mundial chegar à quarta-de-final era a grande meta, terminar nela sua participação na copa seria agora "uma decepção", enfatiza o treinador, de olho na concorrência.
Afinal, os grandes adversários que os alemães temiam ter pela frente após as oitavas-de-final foram surpreendemente eliminados, especialmente Itália e Portugal, assim como Croácia e Polônia. Até mesmo o México, derrotado pelos EUA, era visto como mais perigoso. Caso vençam nesta sexta-feira, os alemães enfrentarão na semifinal o vencedor de Espanha e Coréia do Sul. O primeiro é tido como "freguês"; o segundo, uma zebra impulsionada pela torcida.
Autoconfiança e prestígio resgatados
– A seqüência de vitórias no Japão e na Coréia, assim como o vexame dado pelos favoritos, restituiu autoconfiança à Seleção Alemã, que assumiu como obrigação derrotar os americanos. De meta, as quartas-de-final tornaram-se "etapa" rumo à decisão, um sonho agora considerado plenamente realizável. "A situação é até um pouco melhor do que em 1986", ressalta o dirigente Karl-Heinz Rummenigge, capitão do selecionado que naquele ano chegou inesperadamente à decisão.Rummenigge acredita que uma vitória resgatará de vez o prestígio do futebol alemão, após o fracasso na Eurocopa 2000. "Há dois anos, nos arrebentamos. Perdemos a credibilidade na seleção nacional. Agora temos a grande chance de recolocar as coisas em ordem e a Alemanha em seu devido lugar: numa semifinal de uma copa do mundo", acrescenta o vice-presidente do Bayern de Munique e membro da delegação alemã.
Völler & Cia. não deveriam, porém, ignorar as copas passadas. Tanto em 1994 quanto em 1998, passar pelos adversários das quartas-de-final era tido como mera formalidade. No entanto, respectivamente Bulgária e Croácia acabaram enviando os alemães para casa.
Tática e escalação
– Para Rummenigge, os EUA são "a maior surpresa nestas quartas-de-final". Para o auxiliar técnico Michael Skibbe, "eles têm grandes qualidades, mas no saldo geral somos melhores". Reforçado por tais opiniões, Völler pretende encarar o adversário sem medo, com seu esquema 3-5-2 ofensivo, e determinar o ritmo da partida. "Precisamos por pressão, manter a velocidade do jogo e forçar os americanos a cometer erros", revela o treinador a fórmula passada a seus comandados.Quem serão eles, permanece mistério oficial, pois Völler insiste em seu hábito de não antecipar sua escalação. Na prática, a imprensa alemã dá como certa a repetição do time que começou todas as três partidas da primeira fase, após Jeremies ter publicamente admitido que continua "em segundo lugar" nos planos do treinador.
Suspensos contra o Paraguai, Ramelow, Ziege e Hamann devem retornar a suas posições, assim como Jancker no ataque, apesar de Neuville ter feito o gol da vitória nas oitavas-de-final. Dois fatores parecem contribuir para Völler optar pelo gigante. A maioria dos 13 gols feitos pelo artilheiro e titular absoluto Klose pela Seleção Alemã foi ao lado de Jancker, inclusive os cinco deste mundial.
Sem contundidos
– Além disso, o próprio Klose defendeu a escalação do atacante do Bayern de Munique em entrevista à tevê: "Não tenho absolutamente nada contra Oli (Oliver Neuville), mas me agrada mais ter a meu lado um rompedor que me abra o caminho para o gol."A escalação de Metzelder, Ballack e Ziege, por sua vez, não está mais ameaçada por razões médicas. O zagueiro já retornou aos treinos e não sente mais os tornozelos, graças à pausa de seis dias entre os dois jogos. Já o meio-campista é considerado imprescindível por Völler, mesmo que não esteja 100%. "Estou satisfeito com seu rendimento. Talvez ele possa aumentar ainda um pouco mais seu ritmo, à medida que precisemos", diz o treinador. E as dores que o lateral esquerdo sentiu no tornozelo na quinta-feira não passaram de um susto.
Diante de todo este quadro, Völler teme apenas "a vantagem psicológica" dos americanos: "Eles não têm nada a perder. Isto os torna perigosos."
Provável escalação da Alemanha
Kahn; Linke, Ramelow e Metzelder; Frings, Schneider, Ballack, Hamann e Ziege; Jancker e Klose.