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Alemanha é a maior compradora de energia russa na guerra

Timothy Jones
28 de abril de 2022

Estudo aponta que Berlim já gastou mais de 9 bilhões de euros com petróleo e gás da Rússia desde o início da invasão da Ucrânia. Tais exportações são fator chave de financiamento do poder militar de Moscou, diz relatório

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Usina na Rússia
O estudo calcula que a Rússia arrecadou 63 bilhões de euros com as exportações de combustíveis fósseis desde 24 de fevereiroFoto: Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

A Alemanha foi o país que mais comprou energia da Rússia nos dois primeiros meses da guerra na Ucrânia, segundo dados compilados pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea, na sigla em inglês), uma organização independente de pesquisa.

O estudo, intitulado "Financiando a guerra de Putin na Europa", calcula que a Rússia arrecadou, ao todo, 63 bilhões de euros com as exportações de combustíveis fósseis desde 24 de fevereiro, quando iniciou sua ofensiva militar contra o país vizinho.

Desse total, 71% vieram da União Europeia (UE), que gastou 44 bilhões de euros. Quando se avalia a compra de países individualmente, a Alemanha aparece como maior importador, sendo responsável por cerca de 9,1 bilhões de euros.

Berlim tem enfrentado fortes críticas por sua dependência do gás e do petróleo russos, apesar dos repetidos alertas de aliados de que isso poderia ser um perigo para a segurança europeia.

Depois da Alemanha, o país que mais importou petróleo, carvão e gás da Rússia desde a invasão da Ucrânia foi a Itália, que gastou 6,9 bilhões de euros, seguida pela China, com 6,7 bilhões de euros. Depois vêm Holanda (5,6 bilhões de euros), Turquia (4,1 bilhões) e França (3,8 bilhões).

"Os países continuaram comprando petróleo, carvão e gás da Rússia, mesmo enquanto as atrocidades pioravam na Ucrânia", afirma o Crea. "As exportações de combustíveis fósseis são um fator chave para o crescimento militar da Rússia e a agressão brutal contra a Ucrânia."

O que mais o estudo concluiu?

O Crea também concluiu que muitas empresas de combustíveis fósseis continuaram a fazer grandes volumes de comércio com a Rússia mesmo após a invasão da Ucrânia, incluindo BP, Shell, Total e ExxonMobil – na contramão de uma enxurrada de companhias que interromperam seus negócios com Moscou.

Segundo o estudo, os volumes de exportação da Rússia começaram a cair à medida que as sanções internacionais passaram a afetar a economia do país. Contudo, o aumento nos preços do petróleo e do gás passou a amortecer o efeito sobre as receitas de Moscou.

Em seu relatório, o Crea recomenda, assim, que governos e corporações encerrem todas as negociações com a Rússia a fim de "ajudar a acabar com a guerra e os crimes contra a humanidade cometidos pelos militares russos".

A organização também pede que os governos apresentem planos para se afastar completamente dos combustíveis fósseis, em vez de apenas criar outras fontes para eles, afirmando que a mudança para energia limpa teria "benefícios muito maiores para a economia, para a saúde e para a segurança nacional".