Alemanha, França e Espanha dão ultimato a Maduro
26 de janeiro de 2019Os governos da Alemanha, Espanha, França e Reino Unido anunciaram neste sábado (26/01) que vão reconhecer o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, caso Nicolás Maduro não convoque novas eleições no prazo de oito dias.
Os quatro países anunciaram a mesma posição em notas separadas, mas sublinham a mesma condição: ou Maduro marca novas eleições em oito dias ou Juan Guaidó será reconhecido por Madri, Paris, Londres e Berlim como presidente interino da Venezuela para que ele conduza um processo de transição para a democracia.
O anúncio do governo alemão foi feito pela porta-voz Martina Fietz. No Twitter, ela disse que o "povo da Venezuela deve decidir livremente e com segurança sobre seu futuro”. "Se as eleições não forem anunciadas em oito dias, estamos prontos a reconhecer a Juan Guaidó a competência para iniciar esse processo na qualidade de presidente interino.”
Na Espanha, primeiro-ministro Pedro Sanchez anunciou a mesma posicao em um pronunciamento oficial. "O governo da Espanha dá oito dias para Maduro convocar eleições livre, transparentes e democráticas. Se isso não ocorrer – eu reitero –, se não ocorrer, a Espanha vai reconhecer Juan Guaidó como o encarregado para convocar novas eleições”, disse.
Instantes depois, o presidente da França, Emmanuel Macron, usou o Twitter para a anunciar a mesma posição. "O povo venezuelano deve poder decidir livremente o seu futuro. Se não forem anunciadas eleições em oito dias, poderemos reconhecer [Juan] Guaidó como 'presidente interino' da Venezuela para implementar esse processo político. Trabalhamos em conjunto com os nossos aliados europeus", anunciou o chefe do Governo francês.
Por fim, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, também divulgou pelo Twitter que seu país exige que o regime chavista convoque novas eleições e que está pronto para reconhecer Guaidó se isso não ocorrer. "Guaidó é a pessoa certa para liderar a Venezuela. Se não forem anunciadas eleições novas e livres nos próximos oito dias, o Reino Unido vai reconhecê-lo como presidente interino para que seja iniciado um processo político em direção à democracia. É hora de um novo começo para o sofrido povo da Venezuela”, escreveu.
Depois desses anúncios, foi a vez da diplomacia da União Europeia anunciar que tomará "novas medidas", incluindo o reconhecimento de Guaidó, se não forem convocadas eleições.
"Na ausência de um anúncio relativo à realização de novas eleições com as garantias necessárias nos próximos dias, a União Europeia irá tomar novas medidas, inclusive relativas ao reconhecimento da liderança do país", disse, em comunicado, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Guaidó agradeceu os países europeus pela postura que expressaram sobre a crise.
"Na União Europeia continuam avançando para o reconhecimento e o apoio pleno da nossa luta legítima e constitucional”, disse Guaidó em mensagem publicada no Twitter.
As declarações da Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e UE marcam uma tomada de posição clara dos europeus após o início de uma nova fase da crise venezuelana nesta semana.
Na quinta-feira, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana, se declarou presidente, dias após Maduro assumir um novo mandato, que foi conquistado em um pleito marcado por acusações de fraude e intimidação e que não foi reconhecido pela maior parte da comunidade internacional.
Após Guaidó ter feito o anúncio, os EUA, o Canadá, o Brasil e uma série de países da América Latina reconheceram prontamenteo líder da Assembleia como presidente interino, isolando ainda mais Maduro. O chavista, no entanto, ainda conta com o respaldo de países como China, Rússia, Bolívia e Cuba. Os europeus hesitaram inicialmente em apoiar Guaidó abertamente, se limitando a pedir novas eleições.
Os EUA ainda estão fazendo esforços neste sábado para que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução que expresse total apoio à Assembleia Nacional como a "única instituição eleita democraticamente eleita” da Venezuela.
Mas a Rússia, que tem poder de veto no conselho, já anunciou que vai bloquear qualquer medida nesse sentido.
JPS/efe/lusa/ots
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