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Alemanha lidera consumo de orgânicos na Europa, mas sofre baixa na produção

Johanna Schmeller (cn) 14 de fevereiro de 2014

Vendas de orgânicos triplicaram no país, que só está atrás dos EUA no ranking de consumo mundial.

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Biogemüse Hofladen der Ökodorf Brodowin
Foto: picture-alliance/dpa

No segundo maior mercado de orgânicos do mundo, na Alemanha, a demanda por esse tipo de alimento cresce, mas a área de cultivo está caindo. Apenas 6,3% da terra disponível para plantio é dedicada aos orgânicos no país – ao mesmo tempo, vendas triplicaram. A liderança da produção mundial para esse tipo de produto é da Austrália, os Estados Unidos são os maiores consumidores do globo.

Ao mesmo tempo, a confiança nas fazendas que recebem o selo de produtoras orgânicas aumenta entre os consumidores. "A vantagem decisiva do selo orgânico ou ecológico é que esses conceitos são bem definidos", afirma Andreas Winkler, da organização alemã de proteção ao consumidor Foodwatch. O especialistas completa que os selos asseguram padrões mínimos orgânicos em produtos marcados com essa certificação.

O volume de faturamento chega a mais de sete bilhões de euros na Alemanha (cerca de 23 bilhões de reais), conta Hanns-Christoph Eiden, presidente da Agência Federal para Agricultura e Alimentação, BLE, responsável por essa certificação no país. No Brasil, segundo estimativas do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o mercado atual de produtos orgânicos passa dos 500 milhões de reais, com crescimento aproximado de 20% ao ano.

Jahresumsatz von Bioprodukten in Deutschland in Milliarden Euro 2000 - 2012 POR

O alimento orgânico é facilmente relacionado a uma vida saudável. Segundo Winkler, em partes essa relação é verdadeira. "Tanto a certificação orgânica europeia, quanto a regulamentação ecológica europeia garantem, por exemplo, que pesticidas não são usados e que os agricultores não utilizam adubos minerais", afirma.

O especialista enumera também que o selo garante que os animais não são alimentados com ração originária de plantas geneticamente modificadas, além de limitar a quantidade de aditivos. "Para os produtos convencionais, há cerca de 320 aditivos liberados, no setor orgânico são menos de 50", reforça Winkler.

Fazendas sustentáveis

Por outro lado, a difusão da agricultura orgânica na Alemanha é lenta. Apenas sete em cada cem fazendas no país seguem esse conceito. Ao todo, são cerca de 20 mil propriedades rurais que seguem os métodos sustentáveis, o equivalente a mais de um milhão de hectare – ou seja, apenas 6% da área utilizada no país.

O número de agricultores especializados no cultivo orgânico, inclusive, diminuiu. Segundo Eiden, essa redução ocorreu porque, apesar da grande demanda, a questão da rentabilidade ainda pesa.

Konsum von Bioprodukten in europäischen Ländern 2010 POR

O valor do arrendamento da terra, os custos de produção, assim como o preço de venda desses produtos no mercado são altos – e a disponibilidade do consumidor em pagar esses altos custos de produção é pequena.

"Assim, a questão da importação de produtos ecológicos e confiança na produção orgânica são um importante tema para os consumidores alemães", conta Eiden. Fazendas orgânicas alemãs frequentemente são manchetes nos jornais, pois alguns produtos utilizados, como ração animais, vêm de países em desenvolvimento que não seguem padrões europeus.

Grande variedade

Segundo o BLE, 70 certificações na Alemanha seguem padrões equivalentes aos europeus. O controle é feito por meio de visitas regulares, realizadas por empresas terceirizadas. "Com base em documentos, os agricultores alemães podem saber se os produtos vindo de outros países, que serão utilizados na sua propriedade, seguem padrões de sustentabilidade", diz Eiden.

"Atualmente há centenas, ou talvez milhares, de etiquetas no setor alimentício. Os consumidores não conseguem reconhecer nos supermercados os selos sérios e os que não passam de estratégia de marketing, atribuídos pela própria indústria alimentícia para dar uma melhor imagem e melhor qualidade para seu produto", diz Winkler.

A Foodwatch exige regras mais claras de certificação que compreendam a composição nutricional, a origem e a utilização de transgênicos. "Além de eliminar o conceito fantasioso premium ou bem-estar animal, que significam tudo ou nada", reforça Winkler.

Orgânicos no Brasil

As informações sobre o mercado de orgânicos no Brasil ainda são insipientes. Para incentivar o consumo desses produtos pela população, o governo federal lançou o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Uma das metas divulgadas é ampliar de 200 mil para 300 mil o número de famílias envolvidas com produção orgânica ainda em 2014.

Como os números de consumo e produção exatos ainda são desconhecidos, o Ministério da Agricultura trabalha na criação de um banco de produtores no país, com a ajuda das certificadoras. Dados do Instituto Biodinâmico (IBD) apontam que a produção orgânica no país chegue a 1 milhão de hectares.