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Alemanha prende chinês suspeito de espionar base naval

18 de dezembro de 2024

Caso ocorrido em Kiel, cidade que abriga base das Forças Armadas e instalações da indústria de defesa do país, é o mais recente de uma série de ações de espionagem chinesa em solo alemão.

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Submarino ancorado em estaleiro no porto de Kiel
Kiel, no Mar Báltico, abriga três flotilhas da Marinha alemã e empresas da indústria de defesaFoto: Markus Scholz/dpa/picture alliance

Um homem de nacionalidade chinesa foi preso no terreno de uma base naval alemã por suspeita de espionagem, informou a polícia alemã nesta quarta-feira (18/12).

A emissora pública WDR relatou que o homem foi encontrado portando uma câmera dentro da base naval na cidade de Kiel, no norte do país, em 9 de dezembro. Os promotores avaliam acusá-lo de causar riscos à segurança ao fotografar instalações militares.

"Temos uma investigação aberta sobre um chinês que foi encontrado no território do porto marítimo", disse Carola Jeschke, porta-voz do Departamento de Investigação Criminal (LKA) do estado de Schlesweig-Holstein. Ele está sob custódia das autoridades.

O telefone celular e outros itens que o suspeito trazia consigo estão sendo examinados pelo LKA. O Departamento Federal do Serviço Militar de Contraespionagem (Bamad) também está envolvido nas investigações.

A investigação ocorre em meio a preocupações no país com as ameaças à segurança nacional representadas pela China, país que continua a colaborar com a Rússia, mesmo enquanto o Ocidente tenta isolar Moscou em razão da guerra de agressão russa na Ucrânia.

Há algum tempo as autoridades estão em alerta para atividades de espionagem em Kiel, no Mar Báltico, cidade que abriga três flotilhas da Marinha alemã. Além disso, estão na região empresas da indústria de defesa, como a metalúrgica ThyssenKrupp Marine Systems, que constrói submarinos ultramodernos.

Sede da força-tarefa da Otan

"O interesse da República Popular da China em obter informações sobre a Bundeswehr [Forças Armadas alemãs] também permanece elevado", afirma um relatório recente do Bamad. "A China pretende ser o líder econômico e militar mundial até 2049. Para atingir este objetivo, utiliza espionagem cibernética, medidas híbridas e operações clássicas de espionagem", diz o documento.

Em outubro, a Alemanha assumiu o comando da força-tarefa da Otan no Mar Báltico. Na região também se localiza o Centro de Excelência para Operações em Águas Confinadas e Rasas (COE CSW) da aliança militar, onde capacidades militares são testadas e pesquisadas em águas frequentemente rasas, acidentadas e movimentadas.

Através do Mar Báltico passam oleodutos de combustíveis e cabos de transmissão de dados que foram repetidamente cortados desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Em 2023, Kiel descartou planos de estabelecer uma colaboração entre cidades parceiras com o porto militar chinês de Qingdao, depois de analistas alertarem que isso poderia servir como cobertura para atos de espionagem.

China aumenta atos de espionagem

As agências de segurança da Alemanha têm alertado frequentemente sobre as ameaças crescentes dos serviços de inteligência chineses. Autoridades de segurança alemãs afirmam que a China certamente aumentou e, em alguns casos, alterou as suas atividades de inteligência na Alemanha nos últimos anos.

Além da tradicional espionagem econômica e industrial, o Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV) relatou detectar cada vez mais ações de espionagem política e tentativas de exercer influência no país.

Em abril, por exemplo, o alemão-chinês Jian G., ex-funcionário do político europeu Maximilian Krah, da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), foi preso em Dresden sob suspeita de espionagem. De acordo com as conclusões dos investigadores, ele teria transmitido informações do Parlamento Europeu a um serviço secreto chinês e também teria espionado membros da oposição chinesa em solo alemão.

No final de setembro, a chinesa Yaqi X., conhecida de Jian G., também foi presa em Leipzig sob suspeita de ser agente dos serviços secretos chineses. Ela trabalhou para uma empresa de logística no Aeroporto de Leipzig/Halle.

O Ministério Público Federal a acusa de ter repassado informações sobre o transporte de equipamentos militares e sobre viagens de representantes da empresa alemã de armas Rheinmetall para Jian G. desde agosto de 2023.

rc/ra (Reuters, ots)