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Depois da chacina

12 de março de 2009

Massacre em escola que resultou na morte de 16 pessoas, no sul da Alemanha, levantou novamente a questão: o que o Estado pode fazer para evitar que tais catástrofes se repitam?

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Flores e velas lembram vítimas em frente à escola do massacreFoto: AP

Após a chacina ocorrida numa escola da capital do estado alemão da Turíngia, em 2002, quando em apenas dez minutos um ex-aluno assassinou 16 pessoas, políticos exigiram o endurecimento da lei de armas de fogo e a proibição de jogos de computador violentos.

O massacre de Erfurt também levou políticos a exigirem maior presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, para reconhecer e abordar a tempo o problema da propensão à violência entre os alunos.

O recurso da presença policial para combater a violência escolar não foi somente cogitado, mas também empregado em estabelecimentos de ensino de Berlim em 2006.

"Senhora Koma está chegando"

Estratégias de intervenção, com instruções de como se comportar em casos de crise, também foram desenvolvidas por escolas e autoridades do país. Em muitas escolas, professores foram especialmente treinados para orientar outros colegas e alunos sobre o tema.

Segundo o site Spiegel Online, no caso do massacre da quarta-feira (11/03), o diretor da escola de Winnenden alertara os professores através dos altofalantes das salas de aula: "A Senhora Koma está chegando".

Trata-se do inverso de amok, palavra originária do malaio, que significa "louco de raiva", e é adotada nos países de idioma alemão e inglês para designar assassinatos em massa sem razão aparente. Alguns professores reagiram e fecharam as portas de suas salas, para outros, no entanto, o aviso do diretor chegou tarde.

Deutschland Amoklauf Winnenden Pressekonferenz Tatwaffe
Arma do crime pertencia ao pai do atiradorFoto: AP/Reproduktion: Daniel Roland

Ainda de acordo com o Spiegel Online, desde o massacre de Erfurt em 2002, o perfil do "típico" atirador das escolas é conhecido: ele é do sexo masculino, tem entre 15 e 18 anos e vem, geralmente, de "famílias que se destacam por não chamar a atenção".

Há anos que especialistas tentam desenvolver métodos para prevenção de tais massacres. No entanto, especialistas como Christian Pfeiffer, chefe do Instituto de Criminologia de Hannover, explicam que não se pode impedir com toda segurança que esses tiroteios aconteçam em escolas do país.

O que mudou na lei de armas de fogo desde o massacre de 2002?

A lei alemã de armas de fogo foi endurecida duas vezes desde o massacre de Erfurt. Em 2002, o governo alemão reagiu e elevou a idade mínima para a posse de armas de fogo. Somente após completarem 21 anos, praticantes de tiro esportivo podem possuir espingardas ou pistolas. Para caçadores, a lei estipula a idade de 18 anos. Além disso, para obter licença de posse de armas, jovens com menos de 25 anos necessitam parecer médico-psicológico na Alemanha.

No entanto, continuou a ser permitido que esportistas de tiro ao alvo e caçadores mantenham suas armas em casa. As diretrizes de como essas armas devem ser guardadas foram endurecidas, mas o lobby dos praticantes de tiro esportivo impediu que a presença de armas de fogo em casa fosse completamente proibida.

Os pais do atirador de 17 anos responsável pelo massacre dessa semana em Winnenden, próximo a Stuttgart, também mantinham suas armas em casa. Uma delas estava faltando quando a polícia revistou a casa após o incidente.

Violência virtual

Bildergalerie Amoklauf Winnenden
Estados quiseram proibir jogos violentosFoto: AP

Os jogos de computador violentos não foram proibidos. Mas assim como no cinema, existe censura de idade para jogos de computador. Diversos estados alemães de governo conservador tentaram proibi-los totalmente, mas sem sucesso.

O novo estatuto alemão do menor e do adolescente prevê ainda que páginas de internet possam ser classificadas como prejudiciais para menores. Em 2008, uma nova lei dificultou o acesso dos adolescentes a filmes e jogos de computador violentos.

Número de psicólogos

Em 2003, um ano após o tiroteio na escola de Erfurt, a Federação dos Psicólogos Alemães (BDP) criticou que a carência de psicólogos em escolas do país não mudara. Novos postos de trabalho isolados foram criados, mas, em comparação com outros países, ainda muito tinha de ser feito. Na época, a média alemã era de um psicólogo para cada 15 mil alunos, informou a BDP.

Em 2008, segundo informações da federação, essa média era de um psicólogo para 12 mil alunos. Uma pequena melhora, mas bem longe da situação de outros países na Europa, como a Finlândia ou a Dinamarca, onde um psicólogo está à disposição de cerca de 800 alunos.

Observando os diferentes estados alemães, essa média é bem variável: em Berlim, um para 6,2 mil; em Schleswig-Holstein, um para 17 mil e na Baixa Saxônia, um para cada 26 mil alunos.

Somente na Turíngia, onde ocorreu o massacre de 2002, a situação melhorou. Ulrich Thöne, presidente do Sindicato da Educação e Ciência (GEW), afirmou, no entanto, que a situação do acompanhamento especializado de crianças e adolescentes com problemas psicológicos continua "pavorosa" na Alemanha.

Autor: Carlos Albuquerque
Revisão. Augusto Valente