Alemanha registra inflação negativa pela 1ª vez desde 2009
29 de janeiro de 2015Pela primeira vez desde a crise econômica de 2009, a Alemanha registrou um índice de inflação negativo em janeiro deste ano, de - 0,3%, anunciou nesta quinta-feira (29/01) o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destastis).
"Esta é a queda mais forte dos últimos cinco anos e meio", informou o Destastis. De acordo com o departamento de estatísticas, a razão para essa queda estaria na redução dos preços da energia e dos alimentos.
Economistas reagiram surpresos à notícia: eles esperavam uma queda de 0,1% e prognosticam uma retomada do aumento de preços somente no segundo semestre do ano. Em dezembro, a taxa de inflação no país ainda havia registrado um leve aumento, de 0,2%.
Queda ligada ao petróleo
De acordo com o economista-chefe do Postbank, Marco Bargel, "a queda se deve à forte redução dos preços do petróleo". Desde meados do ano passado, o preço do barril caiu mais do que pela metade, o que diminuiu significantemente os custos de combustíveis e aquecimento.
Em comparação com janeiro de 2014, o preço da energia caiu 9% no país. No mesmo período, os alimentos ficaram 1,3% mais baratos na Alemanha. Em contrapartida, os serviços e aluguéis registraram alta de 1,3%.
"Os preços baixos da energia também vão manter a taxa de inflação negativa nos próximos seis meses", prognosticou a economista Jennifer McKeown, da Capital Economics.
Cotação do euro
A maioria dos analistas descarta o risco de deflação, que acontece somente quando a inflação se mantém negativa por um longo período de tempo.
"Entre os sinais de uma deflação está também a redução de investimentos e do consumo privado", afirma Bargel. "Não vemos isso acontecer nem na Alemanha nem na Europa. Pelo contrário."
O especialista espera que os preços voltem a subir no segundo semestre na Alemanha. "Uma razão para isso é a baixa cotação do euro, através da qual importamos a inflação para a Alemanha."
No período de um ano, a cotação da moeda comum europeia caiu 17% em relação ao dólar. Como a maior parte das matérias-primas é comercializada em dólar, as importações ficam mais caras com o euro em baixa.
CA/rtr/afp