Alemanha tem inflação anual de 7,3%, maior alta desde 1990
30 de março de 2022A inflação dos preços ao consumidor em um ano atingiu 7,3% em março na Alemanha, um recorde desde a reunificação do país, em 1990, em meio ao aumento dos custos de energia após a invasão russa da Ucrânia.
O dado foi divulgado nesta quarta-feira (30/03) pelo Departamento Federal de Estatística da Alemanha (Destatis). Em fevereiro, a inflação anual havia sido de 5,1%.
"Desde o ataque da Rússia à Ucrânia, os preços do gás natural e dos produtos petrolíferos voltaram a aumentar acentuadamente e tiveram um impacto considerável na alta taxa de inflação", informou o Destatis em um comunicado.
Os números provavelmente elevarão a pressão sobre o Banco Central Europeu para aumentar as taxas de juros, com o objetivo de combater a alta dos preços.
Alemanha reduz projeção de crescimento
A preocupação com o fornecimento de energia e seus preços também levou a Alemanha a reduzir sua previsão de crescimento para 2022.
Um painel do governo federal composto por economistas independentes agora projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá apenas 1,8% este ano.
A maior economia da Europa tinha a expectativa de iniciar sua recuperação da pandemia depois de dois anos de marasmo. Em novembro, o painel de economistas havia projetado uma alta de 4,6% no PIB de 2022.
"Já estávamos passando por um mau momento graças à onda [da variante] ômicron e agora as coisas estão ainda mais sombrias", disse à DW Monika Schnitzer, do Conselho Alemão de Especialistas em Economia. Ela afirmou que uma eventual interrupção completa do fornecimento de energia da Rússia comprometeria qualquer recuperação econômica pós-pandemia.
No ano passado, o PIB da Alemanha cresceu 2,8%, mas no último trimestre de 2021 caiu 0,7% em comparação ao trimestre anterior.
"Agressão" russa deixa previsão "drasticamente" pior
"A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e os preços da energia estão piorando drasticamente as perspectivas econômicas", afirmou o painel consultivo em seu relatório. "A alta dependência do abastecimento energético da Rússia implica um risco considerável de menor produção econômica e até mesmo uma recessão com taxas de inflação significativamente mais altas."
Os especialistas também afirmaram que "a Alemanha deveria fazer imediatamente todo o possível para tomar precauções contra uma suspensão do fornecimento de energia russo e superar rapidamente sua dependência de fontes energéticas russas".
O grupo acrescentou que "a longo prazo, o objetivo deve ser garantir maior segurança energética, por exemplo, expandindo as energias renováveis e diversificando as importações de energia".
Alemanha aciona alerta energético
Pouco antes de o painel de economistas divulgar suas previsões, a Alemanha havia acionado o nível de alerta inicial do plano de emergência de gás do país, devido a preocupações de que a Rússia poderia interromper as entregas se não for paga em rublos.
Trata-se do primeiro de três níveis de alerta, e envolve a criação de uma equipe de crise para lidar com a estabilidade do fornecimento de gás. Essa equipe tem o papel de analisar e avaliar a situação do abastecimento para que, se necessário, outras medidas sejam tomadas para aumentar a segurança do fornecimento.
O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, também pediu às empresas e indivíduos que tentem reduzir seu consumo de energia tanto quanto possível enquanto o país tenta superar sua dependência do gás russo.
No momento, as reservas de gás da Alemanha estão em cerca de 25% da capacidade. "Atualmente não há escassez de oferta", ressaltou o ministro. "No entanto, devemos aumentar as medidas de precaução para estarmos preparados no caso de uma escalada por parte da Rússia."
bl (AP, dpa, AFP)