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Alemanha registrou 950 ataques anti-islâmicos em 2017

3 de março de 2018

Maior parte das agressões e ofensas contra muçulmanos foi cometida por extremistas de direita, afirma jornal alemão, com base em dados do Ministério do Interior. Tais ataques deixaram 33 pessoas feridas no ano passado.

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Deutschland Anschlag auf Dresdner Moschee Verdächtiger
Mesquita em Dresden, no leste da Alemanha, foi alvo de ataques. Autoridades acreditam em motivação xenófobaFoto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert

Ao menos 950 ataques anti-islâmicos foram registrados na Alemanha em 2017, sendo a maioria deles cometida por extremistas de direita, afirmou neste sábado (03/03) o jornal alemão Neue Osnabrücker Zeitung, que teve acesso a dados do Ministério do Interior do país.

Esses ataques incluem agressões físicas contra muçulmanos – incluindo contra mulheres usando véus –, mensagens contendo ameaças, discurso de ódio na internet e danos a instituições muçulmanas, como mesquitas. Ao todo, esses atos deixaram 33 feridos em 2017.

Não é possível fazer uma comparação com a quantidade de casos no ano anterior, uma vez que as autoridades alemães só passaram a registrar crimes relacionados à islamofobia no início de 2017.

Segundo o Ministério do Interior, as agressões e ofensas diminuíram ao final do ano, mas seguiram expressivas: 167 atos de islamofobia foram relatados nos últimos três meses de 2017, enquanto que, no terceiro trimestre, o número havia sido de 288.

Entre os 950 casos no ano passado, cerca de 60 foram ataques e atos de profanação cometidos contra mesquitas e outras instituições islâmicas, afirmou o jornal. Em alguns casos, paredes foram manchadas com sangue de porco ou marcadas com pichações de símbolos nazistas.

Os dados gerais ainda incluem cerca de 90 manifestações contra a chamada "islamização" da Alemanha, termo usado por grupos de direita para criticar a imigração e os índices de natalidade entre a população muçulmana no país. Esse número não inclui marchas do movimento anti-imigração e anti-islã Pegida.

Em entrevista ao Neue Osnabrücker Zeitung, o presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, disse que o número de crimes foi muito maior do que o anunciado pelo Ministério do Interior. Segundo ele, ainda não há conscientização suficiente entre policiais e promotores para identificar atos de discriminação religiosa contra muçulmanos.

Os dados foram entregues pelo ministério ao Parlamento alemão, após uma solicitação do partido A Esquerda. A especialista em assuntos domésticos da legenda, Ulla Jelpke, saudou a redução de crimes no último trimestre de 2017, mas disse que ainda não há motivos para ser complacente.

Jelpke advertiu contra a chegada dos "inimigos do islã" ao Parlamento alemão, em referência ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que, nas eleições federais de 2017, conquistou 94 assentos entre os 709 do Bundestag.

"Os inimigos do islã foram das ruas para o Bundestag e contribuem para envenenar o clima social em relação à vida muçulmana na Alemanha a partir da tribuna parlamentar", afirmou ela.

EK/afp/dpa/efe/rtr

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