Alemanha rejeita pedidos de mais tempo à Grécia
6 de março de 2016A Alemanha rejeitou neste domingo (06/03) os apelos para dar à Grécia mais tempo para atingir as metas orçamentárias acordadas com os credores internacionais em seu terceiro programa de resgate financeiro, enquanto o país lida com o fluxo de refugiados.
A recente imposição da Áustria de restrições à fronteira desencadeou um efeito dominó na Europa que deixou dezenas de milhares de migrantes retidos na Grécia, colocando mais pressão sobre um país que depende de uma recuperação econômica após seis anos de recessão.
"A questão dos refugiados e o programa de ajuda para a Grécia não devem ser misturados", disse à agência de notícias Reuters um porta-voz do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, ao ser questionado sobre a sugestão do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, de que a Grécia deveria ter mais tempo para resolver seus problemas de orçamento.
A ideia também foi rejeitada por Manfred Weber, líder do Partido Popular Europeu, de centro-direita, o maior bloco no Parlamento Europeu.
"Qualquer um que dilui a política de estabilização europeia na crise de migração brinca com fogo", disse Weber a vários jornais locais."As regras da dívida europeia não devem ser enfraquecidas. E isto também se aplica para as condições de reforma para a Grécia."
Schulz, membro principal do co-governante Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), havia argumentado que a crise de migração estava afetando a Grécia mais do que outros países da União Europeia (EU), devido à sua localização geográfica, causando problemas orçamentários adicionais.
"Por conseguinte, temos de mostrar mais flexibilidade no que diz respeito à aplicação dos critérios do déficit", disse Schulz.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse no sábado que a Grécia precisava entregar rapidamente a sua promessa de fornecer alojamento para 50 mil refugiados e que a UE deve ajudar Atenas com a tarefa.
"Europa passa por crise nervosa"
Na segunda-feira, a Grécia irá pressionar por solidariedade aos refugiados e a justa repartição das responsabilidades entre os países europeus na cúpula de emergência da UE com a Turquia, disse o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, também neste domingo, criticando as restrições em fronteiras que levaram a impasses.
Tsipras acusou a Áustria e países dos Bálcãs de "arruinar a Europa" ao diminuir o fluxo de migrantes e refugiados a caminho do norte, saindo da Grécia, onde cerca de 30 mil estão retidos esperando que a Macedônia reabra a sua fronteira para que eles possam ir à Europa Central.
Com mais pessoas chegando ao continente a partir das ilhas gregas próximas à costa turca, os números poderiam aumentar em 100 mil até o final deste mês, avaliou no sábado o comissário de Migração da EU, Dimitris Avramopoulos.
"A Europa está em uma crise nervosa", disse Tsipras ao comitê central de seu partido de esquerda Syriza. "Será que uma Europa de medo e racismo vai se sobrepor a uma Europa solidária?"
Ele disse que os países da Europa Central com problemas demográficos graves e baixo desemprego podem se beneficiar a longo prazo acolhendo milhões de refugiados, mas as políticas de austeridade têm alimentado um "monstro" de extrema-direita ao se opor à entrada.
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