Alemanha surpreende e quase vence Holanda
16 de junho de 2004Tal como na Copa do Mundo de 2002, a Seleção Alemã, de Rudi Völler, estreou na Eurocopa com um desempenho que em nada lembra as fracas apresentações nas eliminatórias e nos jogos amistosos. Com um esquema defensivo bem organizado e com os jogadores mostrando raça, o selecionado alemão impediu que a favorita Holanda ditasse o ritmo de jogo. Disputada no Estádio do Dragão, no Porto, a partida terminou empatada em um a um.
Ao contrário da expectativa de adversários se estudando, com medo de perder, o jogo teve clima de decisão. Desde o início ambas as equipes procuraram a vitória. Tirando uma vacilada de Wörns aos dois minutos, que Van Nistelrooy não pôde aproveitar, a Seleção Alemã não deu espaço ao time holandês. Os favoritos, por sua vez, mostraram dificuldades em criar jogadas e, assim, insistiram em lançamentos longos, geralmente sem que os destinatários recebessem a bola.
Os ataques só começaram a tornar-se perigosos após 20 minutos de jogo, quando os alemães já assumiam o domínio do jogo. Nesta fase da partida, o zagueiro Wörns, que nunca marcou gol pela Seleção Alemã, teve três chances na área, mas mostrou dificuldades em finalizar. Já o atacante carioca Kevin Kuranyi chutou de fora da área sobre o travessão.
Aos 29 minutos, Frings cobrou uma falta na intermediária esquerda. Ninguém interceptou seu cruzamento e a bola acabou entrando do outro lado no canto. O gol chocou os holandeses, que durante cinco minutos pareciam perdidos em campo. Nos últimos dez minutos, os ataques revezaram-se em cada lado.
Recuperação holandesa
Para o segundo tempo, a Holanda veio com seu potencial ofensivo reforçado, com Overmars e Sneijder, na esquerda. Aos poucos os favoritos subiram de produção, mas somente com a entrada de Van Hooijdonk, aos 28 minutos, os holandeses passatam a se impor, arriscando-se porém aos contra-ataques dos alemães.
Dois minutos depois de entrar em campo, o alemão Fabian Ernst perdeu uma disputa de bola junto à bandeirinha de córner esquerda e deixou Van der Meyde cruzar. Mesmo marcado por Wörns, Van Nistelrooy chutou de voleio no primeiro pau, sem chance de defesa para o aniversariante Oliver Kahn: 1 a 1, aos 35 minutos.
A partida esquentou ainda mais em seu fim, desta vez com os holandeses mais agressivos. A pressão começou a confundir a zaga alemã, que acabou cedendo vários escanteios. O apito final aos 47 minutos soou como um alívio para todos.
Decepção e satisfação
"Quando se lidera muito tempo por 1 a 0, é claro que um resultado assim chateia. Tínhamos de ter feito 2 a 0. Mas ainda não há nada perdido, nem ganho", disse Völler, satisfeito com seu time e certo que a equipe ainda subirá de produção. "Um único erro e o jogo estragou", desabafou Kuranyi, incansável na briga pelas bolas no ataque.
Kahn vê ainda a necessidade de o time melhorar. "No primeiro tempo, tivemos nossa melhor atuação desde muito tempo. Mas numa Eurocopa é preciso manter este nível durante os 90 minutos. No segundo tempo, os holandeses fizeram muita pressão e o gol. Este grupo ficará indefinido até o último minuto", prevê o goleiro e capitão da Seleção Alemã. Na primeira partida do Grupo D, a República Tcheca suou para vencer, de virada, a Letônia. A novata da Eurocopa será o próximo adversário da Alemanha, no sábado.
Além de Kahn, que fez boas defesas e não teve culpa no gol holandês, destacaram-se na equipe alemã os jovens laterais Friedrich e Rahm, assim como Frings e Kuranyi. No time holandês, Cocu saiu-se bem marcando Ballack e Stam no comando da defesa. Overmars e Van Dooijdonk, por sua vez, foram fundamentais para a pressão holandesa no fim da partida.