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Alemanha tem mais de 1 milhão de mortes em um ano

12 de janeiro de 2022

É a primeira vez que isso ocorre desde 1946. Os principais motivos são o aumento da população e a grande proporção de idosos. No entanto, pandemia de covid-19 também tem papel importante no alto número de óbitos.

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Profissionais da saúde de roupa especial e máscara cuidam de paciente em uma UTI.
Em 2021, houve 8% mais mortes od que em 2019, antes da pandemiaFoto: Lennart Preiss/AFP/Getty Images

Pela primeira vez desde a criação da República Federal da Alemanha, em 1948, houve mais de um milhão de mortes em um ano no país em 2021.

De acordo com uma projeção do Departamento Federal de Estatística da Alemanha (Destatis) apresentada nesta terça-feira (11/01), quase 1,017 milhão de pessoas morreram no ano passado no país.

Antes disso, só houve um ano do pós-guerra em que foram registradas mais de um milhão de mortes: 1946, quando o território alemão ainda era ocupado pelos Aliados. Naquele ano, 1.001.600 óbitos foram registrados.

À época, as difíceis condições de vida, com o território alemão em ruínas e abarrotado de desabrigados e refugiados, explicavam o alto número de mortes. Mas, agora, segundo o Destatis, as principais causas são explicadas pela maior população e a maior proporção de idosos. No entanto, a pandemia de covid-19 também teve um papel significativo no aumento das mortes em 2021.

Mais mortes desde o começo da pandemia

Especificamente, 1.016.899 pessoas morreram no ano passado na Alemanha. Em comparação com 2020, primeiro ano da pandemia de coronavírus, o número de mortes aumentou 3% (31.327 óbitos). O envelhecimento da população explica apenas parcialmente essa alta, porque o aumento geral da expectativa de vida enfraquece o efeito do envelhecimento.

Antes da pandemia, o número de mortes vinha aumentando nos últimos 20 anos, em média, de 1% a 2% ao ano. Isso mudou com a crise sanitária provocada pelo coronavírus: em 2020, o número de mortes aumentou 5% em relação a 2019, último ano antes da pandemia. Em 2021, foram 8% mais mortes do que em comparação com 2019.

"Com base em 2019, uma taxa de mortalidade de 960.000 a 980.000 seria esperada em 2021, um aumento de 2% a 4%. No entanto, aumentou 8% de 2019 a 2021", afirmou o Destatis.

Tim Friede, chefe do Instituto de Estatística Médica do Centro Médico Universitário de Göttingen, reconhece claramente pelos gráficos que as flutuações no número de mortes ocorrem paralelas às ondas da pandemia de covid-19. "Você também pode ver um aumento ao longo dos anos de pandemia - e isso é mais do que pode ser explicado pelo envelhecimento da população", destaca Friede.

Três idosos, de máscara e roupas de frio, caminham em uma feira. Há frutas ao fundo.
Uma das explicações para alto número de mortes é o envelhecimento da populaçãoFoto: Marek Neumann-Schönwetter/DW

Só dois meses não tiveram aumento de mortes

Uma análise mês a mês de 2021 revela dados interessantes. Ao longo do ano passado, o número de óbitos ficou abaixo do valor médio dos quatro anos anteriores apenas em fevereiro e março.

Em janeiro de 2021 – durante a segunda onda do coronavírus – o número de mortes teve um aumento de 25% em comparação com os anos anteriores. Neste mesmo mês, as mortes adicionais coincidiram quase completamente com os óbitos por covid-19 relatados pelo Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças.

Em fevereiro e março, o número de óbitos foi 2% e 6% menor, respectivamente, em um comparativo com os anos anteriores. Uma possível explicação é que quase não houve outras doenças respiratórias além da covid-19. A onda de gripe, que geralmente se reflete claramente na taxa de mortalidade, praticamente não ocorreu em 2021 -  os cuidados para não contrair a covid-19 se refletiram no menor número de casos de gripe.

Durante a terceira onda de coronavírus, em abril, o aumento no número de óbitos foi de 4% e, em maio, de 7%. Em junho, a elevação de 8% nas mortes coincidiu com uma onda de calor.

Em julho, o número de óbitos, com um acréscimo de 2%, ficou ligeiramente acima do valor médio dos anos anteriores – o mesmo ocorreu em agosto.

Com o início do outono e a chegada do frio, porém, as mortes subiram novamente e ficaram 10% acima dos anos anteriores em setembro, e 11% em outubro.

Os óbitos em novembro e dezembro ultrapassaram ainda mais o valor de referência durante a quarta onda de covid-19: 21% mais pessoas morreram em novembro e 22% mais em dezembro do que a média dos quatro anos anteriores.

Mortes indiretamente relacionadas ao coronavírus

De acordo com o Destatis, as mortes relatadas por covid-19 explicam apenas parcialmente o aumento do número de óbitos. Isso porque o número de mortes é maior do que a quantidade de óbitos por covid-19 reportadas ao RKI.

Dmitri Jdanov, chefe do Laboratório de Pesquisa de Dados Demográficos do Instituto Max Planck, em Rostock, vê duas possíveis razões para isso. Uma delas é que mais pessoas podem ter morrido de covid-19 do que revelam as estatísticas – porque, por exemplo, a insuficiência cardiovascular foi dada como a causa da morte. 

O segundo motivo seriam consequência indiretas do coronavírus – por exemplo, em casos de adiamento de cirurgias e exames preventivos. No entanto, as contribuições dos efeitos individuais não podem ser quantificadas atualmente.

A superlotação dos hospitais devido à covid-19 fez com que cirurgias e tratamentos fossem adiados. Além disso, muitas pessoas evitavam ir ao médico por medo de contrair uma infecção pelo coronavírus. Isso também pode ter influenciado o alto número de mortes.

le (dpa, efe)