Bienal de Arquitetura de SP
31 de outubro de 2011Desde 1973, quando se separou da Bienal de Artes Plásticas, a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) procura ampliar o espaço para o debate sobre a arquitetura em nível internacional. Em sua nona edição, que abre suas portas nesta quarta-feira (02/11) na metrópole brasileira, a BIA tem como tema "Arquitetura para todos – Construindo a cidadania".
A 9ª BIA apresenta projetos e arquitetos de mais de 20 países, além do debates e palestras internacionais paralelos. Segundo o arquiteto Valter Caldana, curador da Bienal, a arquitetura e o urbanismo são parceiros da sociedade e colaboram com a construção da cidadania.
Nesse contexto, a Alemanha apresenta sua contribuição para a 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo sob o lema Baukultur made in Germany (Cultura da construção "made in Germany").
Até 4 de dezembro, uma exposição reunindo 20 projetos de relevância internacional, realizados por escritórios de arquitetura e engenharia da Alemanha, poderá ser visitada no Centro Cultural São Paulo. A exposição Baukultur made in Germany apresenta ao público internacional uma mostra exemplar da recente produção da arquitetura e da engenharia feita na Alemanha ou proveniente dela.
"Cultura da construção"
A Câmara Federal dos Arquitetos da Alemanha (BAK, do alemão), juntamente com a Câmara Federal dos Engenheiros, convidou todos os arquitetos alemães e engenheiros alemães a submeterem projetos para ser apresentados em São Paulo. Um júri especializado de renome escolheu 20 projetos. Além da relevância internacional, deu-se preferência sobretudo a bons exemplos da construção sustentável e de uma moderna "Baukultur".
"Baukultur" pode ser traduzido, literalmente, como "cultura da construção". Segundo a BAK, todavia, em muitos países utiliza-se o próprio conceito alemão "Baukultur", que na Alemanha está ligado não somente à construção acabada, mas também ao processo de planejamento. E este, por sua vez, é marcado no país por um alto grau participativo, ou seja, por um envolvimento precoce de todas as partes interessadas, especialmente em prédios públicos.
"Os arquitetos alemães não se veem comprometidos apenas com seus clientes, mas também com a 'Baukultur' como um todo", diz a Câmara Federal dos Arquitetos da Alemanha. Hoje, explica a BAK, a questão da qualidade da arquitetura e engenharia alemãs está ligada intrinsecamente ao tema da "construção sustentável", ou seja, projetar com eficiência econômica, de forma ecológica e com economia de recursos, construindo em consonância com o ambiente sociocultural.
Cidades e paisagens habitáveis
Segundo a BAK, soluções específicas climáticas e regionais também foram privilegiadas na escolha dos projetos a serem mostrados em São Paulo. Afinal de contas, nos dias de hoje "é preciso encontrar soluções que tornem nossas cidades e paisagens habitáveis".
Assim, entre as obras de arquitetura e engenharia apresentadas em São Paulo, está o IBA Dock em Hamburgo, um coletor energético flutuante erguido sobre pontões de concreto com um método construtivo que lembra contêineres. O Estádio da Cidade do Cabo, na África do Sul, é um bom exemplo de comunhão com a natureza tanto formalmente quanto na utilização de tecnologia e método construtivo mais ecológicos e com maior economia de recursos, lembra a BAK.
Já no Museu Albertinum em Dresden, um pátio de um prédio barroco foi coberto com uma construção de dois pavimentos, criando um espaço protegido contra enchentes.
Uma residência para estudantes num entorno tombado pelo patrimônio histórico é mostrada no Complexo Residencial para Estudantes da Vila Olímpica de Munique. Com seu conceito energético, que inclui o uso da geotermia, a Ampliação da Biblioteca Nacional Alemã, em Leipzig, presta uma boa contribuição para a proteção climática, definindo uma paisagem espacial urbana e moderna.
Pontes, torres de observação e edifícios empresarias também fazem parte da gama de projetos que poderão ser vistos na mostra alemã no Centro Cultural São Paulo. A abertura da mostra é acompanhada por um painel de debates, onde arquitetos brasileiros e alemães discutirão alguns das obras em exposição.
Autor: Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscher