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Alemanha vive "pandemia dos não vacinados"

4 de novembro de 2021

Autoridades alertam para quarta onda da covid-19 no país, com aumento de mortes e sobrecarga nos hospitais. Regiões com baixos índices de vacinação já são as mais afetadas. Governo cogita restrições para não imunizados.

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Jovem em protesto contra vacina na Alemanha segura cartaz com os dizeres "não quero nenhuma injeção de veneno"
Jovem em protesto contra vacina na Alemanha segura cartaz com os dizeres "não quero nenhuma injeção de veneno"Foto: Christian Mang/REUTERS

As principais autoridades de saúde da Alemanha afirmaram nesta quarta-feira (03/11) que o país já entra na quarta onda da pandemia de covid-19 e alertaram para os riscos que isso representa para as pessoas não vacinadas.

Jens Spahn, ministro alemão da Saúde, e Lothar Wieler, diretor do Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do país, disseram que os números defasados da vacinação e a desobediência aos protocolos de saúde são os responsáveis pelo recente aumento de casos.

"Se não agirmos, essa quarta onda trará um alto grau de sofrimento. Muitas pessoas ficarão gravemente doentes e morrerão, e os serviços de saúde ficarão novamente sob pressão extrema", disse Wieler.

Nos últimos meses, a vida no país voltou, em grande parte, ao normal, com o alívio de restrições e a permissão para a realização de eventos de grande porte.

Isso foi possível através de regulamentações que exigem comprovação de vacinação ou de recuperação da doença, ou ainda a apresentação de testes com resultados negativos, em locais como casas noturnas, restaurantes, estádios e bares.

Os dados mais recentes do RKI confirmam 20.398 infecções nas últimas 24 horas, com 194 mortes em razão da doença. O número de casos por 100 mil habitantes em um período de sete dias chegou a 146, o mais alto desde maio.

"Pandemia dos não vacinados"

"A pandemia está longe de acabar", alertou Spahn. O ministro disse que, no momento, o país vive uma "pandemia dos não vacinados".

"A quarta onda está a todo vapor", alertou, ao destacar que o número de pacientes nas UTIs em algumas regiões do país aumenta de maneira preocupante, especialmente em locais onde os índices de vacinação são mais baixos.

O ministro recomendou que os estados do país adotem medidas que incluem a melhora na verificação do status de vacinação das pessoas em locais públicos e maior rigor na realização de testes em casas de repouso e centros de saúde. Ele pediu também a disponibilização de uma quantidade maior das doses de reforço para a população.

Spahn ainda considera baixo o índice de vacinação na Alemanha, mesmo com mais de 66% da população do país com esquema vacinal completo.

Uma pesquisa recente aumentou essas preocupações, ao revelar que 65% dos não vacinados não pretendem receber a vacina contra o coronavírus nos próximos dois meses. Outros 23% afirmaram que "provavelmente não o farão". Apenas 2% disseram que planejam tomar a vacina, mas ainda não conseguiram.

Restrições para pessoas não vacinadas

"Se a situação nos hospitais se agravar [...] poderá haver restrições aos não vacinados", afirmou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. Uma possibilidade é que essas pessoas não poderão mais frequentar locais públicos apenas com a apresentação de testes com resultado negativo.

"Não se trata de 'bullying' de vacina", disse Spahn, "mas sim de evitar uma sobrecarga no sistema de saúde." O ministro, contudo, assegurou que o governo federal não planeja reintroduzir os lockdowns ou impor restrições de contato para as pessoas vacinadas ou curadas da covid-19.

Nestas quinta e sexta-feira, os governadores dos 16 estados alemães se reunirão para decidir quais medidas deverão ser adotadas. Na Alemanha, as decisões sobre os protocolos de saúde cabem aos governos estaduais.

rc (DPA, AFP, Reuters, EPD)