Alemanha é chance para ingresso da Turquia na UE
19 de outubro de 2004Ingressar na União Européia tem sido uma das principais metas político-econômicas da Turquia nos últimos anos. O governo em Ancara sabe que, para um início promissor das negociações, não basta obter o apoio dos chefes de Estado e governo dos 25 atuais membros: é preciso também ter a opinião pública do seu lado.
Deste modo, não é mero acaso o ministro turco do Exterior, Abdullah Gül, haver escolhido Berlim como primeira estação de seu giro diplomático, após o relatório da UE favorável a negociações para filiação, divulgado no início de outubro. O Conselho da UE decidirá em 17 de dezembro, em Bruxelas, quanto ao eventual início dessas negociações.
Discussão sem discriminação
Na Alemanha, o tema agita os ânimos, e o governo turco confia mais do que nunca que Berlim será sua "locomotiva" para o ingresso no seleto grupo europeu. As declarações do chefe da diplomacia alemã, Joschka Fischer, encorajam essa esperança: "Estamos diante de um caminho e de uma decisão importantes. Por isso é vital impulsionar energicamente o processo de reforma na Turquia". Fischer classificou como "um excelente fundamento", com "formulações muito inteligentes", o relatório da Comissão Européia encorajando o início de negociações para a filiação da Turquia à UE.
O ministro alemão das Relações Exteriores criticou que na Alemanha se discuta a questão como se já se tratasse do ingresso da Turquia, quando na verdade o que está em jogo é apenas o início das negociações. Seu colega turco também comentou as restrições de vários países ao eventual ingresso da Turquia no bloco. Para Gül, ainda é cedo demais para pensar em plebiscitos: primeiro devem começar as negociações, o que pode ainda levar muito tempo.
"Consideramos óbvio que, em sociedades democráticas, opiniões divergentes existam e sejam discutidas. Apenas esperamos ser julgados objetivamente, e não discriminados", declarou Abdullah Gül. A Turquia parte do princípio de que as negociações levarão a que seja aceita como membro de pleno direito pela UE. O ministro prometeu continuar as reformas democráticas e sociais em seu país.
Na próxima semana, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan encontra-se em Berlim com o premiê alemão Gerhard Schröder e o presidente francês Jacques Chirac. A resistência à filiação turca é especialmente forte na França.
Tema divide conservadores
Nesta terça-feira (19/10), Abdullah Gül encontrou-se em Berlim com Angela Merkel, presidente da União Democrata Cristã (CDU). A líder do principal partido alemão de oposição confirmou ser contra o ingresso da Turquia na UE. Tanto a CDU quanto a CSU (União Social Cristã) admitem apenas uma "parceria privilegiada".
No segundo dia de sua visita à Alemanha, o ministro turco também conversou na capital com outro democrata-cristão, o presidente da Comissão para Assuntos Estrangeiros do Parlamento alemão (Bundestag), Volker Rühe. Ao contrário de Merkel, este favorece a integração da Turquia na União Européia.