Alemães criticam zagueiros preferidos por Parreira
10 de novembro de 2005Os integrantes da zaga da seleção brasileira que atuam no futebol alemão atravessam momentos opostos nesta temporada. Enquanto Lúcio, do Bayern Munique, mantém a tendência de sua própria equipe, com atuações exuberantes, inclusive marcando gols, a dupla de zaga do Bayer Leverkusen, formada por Juan e Roque Júnior, vive uma fase nada confortável.
Os três zagueiros aparecem em praticamente todas as convocações do técnico Carlos Alberto Parreira no ano de 2005. É bem possível que o comandante da seleção mantenha a tendência e convoque novamente o trio para os compromissos do Brasil em 2006, inclusive para a Copa do Mundo.
Em busca do equilíbrio
Faltando menos de sete meses para o início do Mundial, Roque Júnior e Juan integram uma das defesas mais contestadas do futebol alemão e são alvo de críticas constantes de parte da imprensa. A equipe de Leverkusen tenta se estabilizar no Campeonato Alemão, onde está no meio da tabela com 16 pontos, a metade da pontuação do líder, Bayern München, e a sete pontos da zona do rebaixamento.
Os brasileiros da equipe querem superar os momentos difíceis. Juan inclusive marcou um dos gols do time, que venceu o clássico contra o Borussia Dortmund, e espera que a sua atuação no jogo alivie a pressão. "A gente empatou os dois últimos jogos e ganhou este último. Contra o Dortmund, era um confronto direto. Se perdêssemos, iríamos ficar perto dos últimos colocados", explica o jogador aliviado.
Explicações para a má fase
Quando o Bayer foi eliminado na fase classificatória da Copa da UEFA pelo CSKA Sofia, da Bulgária, os comentaristas do canal de esportes DSF não poupavam a zaga. "Podem ser jogadores da seleção brasileira, mas não estão apresentando um bom futebol", diziam os analistas. O pior início de campeonato alemão dos últimos 22 anos resultou na demissão do técnico Klaus Augenthaler.
Para Juan, a dupla de zaga foi questionada, porque pegou a carona de todo o time, que começou mal a temporada. "Já projetávamos isto. O grupo é bom, mas ainda faltam peças de reposição". Para o zagueiro brasileiro, muitos jogadores são jovens e outros nunca atuaram na Primeira Divisão.
Os piores momentos
Mesmo com o técnico Michael Skibbe assumindo a equipe, a má fase dos zagueiros continuou, na opinião da imprensa alemã.
O jornal Die Welt foi brando com Athirson, companheiro de Juan e Roque Júnior, mas não poupou os zagueiros do Leverkusen. "Enquanto não se encontra um melhor posicionamento para Athirson, parece que os outros brasileiros (Juan e Roque) demonstram apatia para sair da mediocridade", criticou o jornal de Berlin, após a eliminação do time de Leverkusen na Copa da Alemanha diante do Hamburgo, por 3 a 2.
Na partida, Juan errou a bola ao tentar afastá-la e Serguej Barbarez aproveitou e desempatou o jogo (2 a 1). "Em dois ou três jogos, houve gols que poderíamos ter evitado. Eles esperam muito de nós por sermos da seleção brasileira e quando as coisas não vão tão bem, nos criticam. Mas a gente sabe da importância que tem para o time. Até procuramos fazer muito mais do que devemos para o Leverkusen", diz o jogador.
Após a eliminação contra o Hamburgo, o técnico Skibbe resistiu à pressão dos que pediam a retirada de Juan da equipe. "Eu não vou tirar Juan do time e não posso culpá-lo pelo lance", respondia o treinador à imprensa.
A convicção de Parreira
Esta instabilidade parece não preocupar o técnico da seleção brasileira. Parreira mostrou convicção convocando os zagueiros que atuam na Alemanha para os amistosos contra Emirados Árabes e All Star Time/Kwait Sport Club, nos próximos dias 12 e 14 de novembro.
Se, por um lado, os brasileiros do Leverkusen atravessam má fase, o outro zagueiro da seleção que atua na liga alemã permanece sendo admirado. Em todos os jogos da seleção em 2005, Lúcio, do Bayern Munique, só não atuou contra a Guatemala, na despedida de Romário, e contra Bolívia e Argentina, quando cumpriu suspensão por ter sido expulso na partida anterior das Eliminatórias contra o Paraguai.
Coincidência ou não, o jogo em que o Brasil mais levou gols neste ano, contra a Argentina, no Monumental de Nuñez (3 a 0 no primeiro tempo), foi o único em que a dupla de zaga do Leverkusen foi escalada para iniciar um confronto.
Juan atuou em nove dos 15 jogos da seleção e Roque Júnior esteve em oito. Ambos, na maioria das vezes, formaram a zaga com Lúcio. "Vamos aproveitar a pausa do jogo da seleção para procurar tranqüilidade", explica Juan.
Em entrevista à DW-WORLD, ele aproveitou também para rebater as críticas à zaga em jogos da seleção. "Em outras seleções [brasileiras] a defesa foi questionada. Temos jogadores excepcionais do meio-campo para a frente, que, às vezes, nos sobrecarregam lá atrás. A gente tem que trabalhar mais isto e fazer o melhor para a seleção. Toda a vez que a atual zaga foi exigida, se saiu bem", explicou o jogador, que agora aproveita a chegada de seu primeiro filho João Lucas, de três meses, à Leverkusen, para buscar o equilíbrio.