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Alemães temem mais neonazistas do que jihadistas

5 de julho de 2019

Para 71% da população, risco de ataques por parte da extrema direita é alto. Em relação a atos de radicais islâmicos, percentual é de 60%. Dois terços acreditam que Estado alemão é tolerante demais com neonazistas.

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Em manifestação em Dresden, militantes de extrema direita exibem velhas bandeiras imperiais da Alemanha
Em manifestação em Dresden, militantes de extrema direita exibem velhas bandeiras imperiais da Alemanha Foto: Imago/J. Tack

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (05/07) pela rede ARD apontou que 71% dos alemães consideram que o perigo de ataques terroristas por parte de militantes de extrema direita, entre eles neonazistas, é alto ou muito alto. A porcentagem supera o temor associado a islâmicos radicais – 60% – e também ultrapassa a percepção em relação a possíveis ataques de militantes de extrema esquerda, temidos por 41%.

A pesquisa foi elaborada quatro semanas após o assassinato do político conservador Walter Lübcke, crime que chocou a Alemanha e foi atribuído a um militante de extrema direita ligado a grupos neonazistas. O homem confessou o assassinato.

O último ataque de envergadura cometido por jihadistas na Alemanha ocorreu em dezembro de 2016, quando um tunisiano que jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) matou 12 pessoas.

A pesquisa também mostrou que 66% dos alemães consideram que o Estado é tolerante demais com neonazistas e radicais de extrema direita. E 65% acreditam que os serviços de segurança do Estado deveriam receber poderes adicionais para monitorar comunicações e redes sociais na internet para combater o extremismo.

Outro ponto do levantamento aponta ainda que 67% demonstram preocupação com a possibilidade de que neonazistas possam mudar a estrutura do Estado alemão – seis pontos percentuais a mais do que em uma pesquisa de 2011.

Esse aspecto da pesquisa registrou uma variação significativa entre os entrevistados de acordo com sua preferência partidária. Entre os eleitores do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), apenas 17% manifestaram essa preocupação. Entre os eleitores dos Partido Verde, são 75%. 

A pesquisa apontou ainda que 65% dos alemães consideram que posições de extrema direita vêm se tornando mais aceitáveis socialmente na Alemanha. Novamente, houve um contraste entre eleitores da AfD e dos verdes. Entre os primeiros, 48% concordaram com a premissa, enquanto 80% dos apoiadores dos verdes concordaram.

Os eleitores da AfD do Partido Verde só registraram mais concordância quando questionados sobre a possibilidade de conceder poderes adicionais ao Estado para monitorar a internet: 54% dos eleitores do partido de direita concordaram, e entre os verdes, foram 57%. Ambos os grupos ficaram abaixo da porcentagem nacional, de 65%

O levantamento ouviu 1.006 pessoas entre os dias 1° e 2 de julho.

Salvamento de migrantes

A ARD também divulgou outra pesquisa, desta vez sobre como os alemães encaram ações de salvamento de migrantes em perigo no Mar Mediterrâneo, assunto que ganhou destaque após a detenção – e posterior soltura – da ativista e capitã alemã Carola Rackete, do navio Sea-Watch 3, que desafiou uma proibição do governo da Itália e aportou no país com 40 migrantes resgatados.

Segundo a ARD, quase três quartos (73%) dos alemães consideram que ativistas como Rackete não deveriam ser processados pelo Estado por salvarem migrantes em situações de perigo.

De acordo com a pesquisa, 72% veem positivamente o trabalho de ONGs que efetuam resgastes no Mediterrâneo. Apenas 27% concordaram que a Itália tem o direito de negar acesso aos seus portos para navios que se dedicam a esse tipo de resgate – 70% preferem que esse não seja o caso.

Entre os eleitores da AfD –  partido que registrou recentemente 13% de intenções de voto em nível nacional – as respostas foram contrastantes com a média alemã da pesquisa: 68% acharam correto que a Itália tenha negado ao Sea-Watch 3 acesso aos seus portos. Outros 65% se mostraram céticos em relação ao trabalho desse tipo de ONG, e 46% acreditam que os responsáveis pelos salvamentos deveriam ser processados.

JPS/ots

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