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Algas do Báltico podem auxiliar no tratamento do câncer

1 de maio de 2012

Potencial anticancerígeno das algas é conhecido há algum tempo. Porém cientistas europeus se concentravam em espécies exóticas, encontradas a grandes profundidades. Projeto em Kiel "descobre" plantas nativas do Báltico.

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Foto: Frank Hajasch

Os biólogos de Kiel vão encontrar no Mar Báltico o material para suas pesquisas. Com um barco de colheita de aquicultura, eles visitam o local regularmente e coletam exemplares das algas castanhas nativas (Saccharina latíssima). "Elas chegam a um metro de comprimento e meio metro de largura. No estado ideal, têm um brilho marrom dourado e nenhuma alga estranha nem animal se fixou nelas", explica a bióloga marinha Verena Sandow.

As plantas crescem a uma profundidade entre dois e três metros. Para o cultivo das colônias, os pesquisadores tecem uma densa rede com cordas. Elas formam a base para as "algas-bebê", com que a cultura se inicia todos os anos. "Nos meses de inverno não acontece muita coisa. Mas a partir de março começa um crescimento vertiginoso." A colheita ocorre, o mais tardar, quando a temperatura da água aumenta, ultrapassando os 15ºC, diz Sandow.

Cada safra é colocada numa grande caixa branca no barco de pesquisa. No laboratório, o material é primeiramente é congelado e depois triturado numa liquidificadora. "Extraímos as substâncias relevantes através da adição de um solvente", comenta a biotecnóloga Marion Zenthoefer. As algas contêm principalmente polifenóis, carotenoides, polissacarídeos, sulfatos, ácidos graxos ômega-3 e antocianinas. "Quando essas substâncias estão na solução, vamos para o laboratório".

A cientista analisa os efeitos dos extratos das algas em condições esterilizadas. Sobre uma placa especial, ela "semeia" uma cultura de células de câncer pancreático. Depois de um dia, borrifa-se sobre elas uma solução nutritiva, enriquecida com um extrato de algas. Setenta e duas horas mais tarde, Zenthoefer verifica se o crescimento celular se deteve.

Mit Algen gegen Krebs
Primeiros resultados apontam sucesso das algas no combate ao câncerFoto: Frank Hajasch

Potencial único das algas do Mar Báltico

Uma análise preliminar é feita ao microscópio. "Se as células cresceram normalmente, elas se disseminam por toda a superfície da placa de Petri. Porém se a camada celular tem buracos, é um sinal do efeito dos extratos de algas." E isso acontece com frequência nos exames, alegra-se Marion Zenthoefer.

O espectrômetro ultravioleta permite uma análise mais detalhada. "As células ainda vivas assumem um tom alaranjado, após o teste com o extrato de algas." A pesquisadora ressalta repetidamente que os primeiros resultados parciais acusam sucesso. No entanto, não se sabe exatamente que substâncias interrompem o crescimento das células: essa é a próxima meta de pesquisa da equipe.

Para o biólogo marinho Levent Piker, os progressos são resultado de uma pesquisa consequente. Mas o realmente extraordinário é o fato de as experiências funcionarem com as algas castanhas do Mar Báltico. "Até agora, nos concentramos em lugares exóticos – próximos a fontes de água quente e em grande profundidade. E, no entanto, nossas plantas nativas do Mar Báltico têm exatamente a mesma potência!"

O projeto "Algas contra o Câncer" é patrocinado pelo Ministério alemão de Educação e Pesquisa. Além de parceiros privados, também participam dele duas equipes de pesquisadores da Universidade de Kiel.

Autor: Frank Hajasch (kr)
Revisão: Augusto Valente